quarta-feira, 22 de julho de 2015

Gracias a la vida!



Sim, podemos fazer isso! Rumo aos 42 quilômetros!
Na última terça-feira dia 21/07, levantei como de um salto às duas da manhã.  Eu havia ido dormir antes das 22h após colocar as crianças para dormir. De repente podia ser fome, logo tomei um leite. Os minutos se passavam e eu não conseguia pregar o olho. Tentei ver um pouco de tevê: nada feito. Liguei o Kindle: negativo, sem paciência para ler. Fechei os olhos e quase imediatamente tive o que chamo de crise de ansiedade: taquicardia, um pouco de desespero e... lá estava o medo de não completar a prova. Fiz minhas orações, dormi no sofá da sala pra não incomodar ninguém e finalmente, consegui dormir.

Esta foi a primeira vez que tive uma crise de pânico ou ansiedade mais intensa desde o ano passado, quando precisei ficar de licença médica por muitos dias. Aquela situação extrema ocorrida em 2014 foi o sinal de que algo estava indo mal. 

Passado o turbilhão,  decidi voltar a praticar exercícios físicos de forma séria e daí surgiu a maratona, como uma forma de deixar a doença definitivamente para trás. A corrida, que sempre me ajudou a relaxar, aliviar minha ansiedade (exatamente como o Rodrigo trouxe anteriormente), não podia funcionar sozinha, daí a necessidade de psicoterapia, fármacos e, principalmente,  Deus.

Seja como for, passei a terça-feira feira inteira tentando entender o que acontecera. Eu havia ido da euforia à derrota em pouco tempo! Estava (e estou) tão animado com a premência da prova que nunca havia me passado pela cabeça não conseguir completar. Eu havia dito à Dani Sixel e à Fernanda Monteiro que estava preparado. E realmente estou!

Buscando explicações, encontrei algo. Em primeiro lugar, a reportagem passada no Esporte Espetacular de domingo último (veja a reportagem aqui). O corredor que teve uma parada cardíaca no km 18 da Golden Four deste ano no Rio de Janeiro. Exames em dia, treinamento completado sem problemas, 14 meia-maratonas anteriores, mas alguém que não soube ouvir o corpo, afinal tivera um cansaço antes da subida do Joá. Um médico vindo a menos de 100m atrás lhe salva a vida. Anjo da guarda? Deus? Sorte? Acaso? Fatalidade? Não sei explicar. Poderia ter acontecido com qualquer um, mas por que justo com ele? Terei eu a paciência de ouvir meu corpo? Encontrarei ajuda se precisar? Ok, lição número 1 (ou algum número acima de 1 bilhão) aprendida.

Por último, a imagem do Fabinho (um de meus ícones neste esporte tão profissional, e tão amador) quebrando exatamente a uma semana da prova. Uma lesão que apareceu no momento errado e que talvez não possa ser tratada a tempo me fez concentrar-me na minha própria queixa dos últimos meses: meus pés. Estou há um tempo sem conseguir me tratar corretamente. Minhas dores quase sumiram, mas ainda estão lá.

Por este estado de coisas, decidi não treinar ontem (terça-feira). Quero dar descanso aos meus pés e à minha cabeça.

É hora de buscar lá atrás as motivações que me fizeram correr esta distância: minha saúde, o carinho da minha família- uma forma de agradecê-los por tudo: minha mãe e meu pai, por todas as perfeições e imperfeições e por nunca desistirem de mim, meu irmão, amigo e companheiro (talvez de quem eu mais sinta falta na vida), a felicidade que é estar ligado por laços eternos à minha esposa e pelas crianças maravilhosas que me deu. Seja qual for o resultado, sei que estarão lá pra me apoiar como sempre fizeram. Aos meus irmãos da Igreja, meus alunos e colegas de trabalho que me motivam a ir mais longe. Aos colegas corredores e ao Rossy, pela companhia e sorrisos a todo momento. A Deus, minha maior motivação. Não importa o quanto eu corra, só aí encontro paz.

Isabelle e Rodrigo, companheiros deste blog, pela grande equipe que pudemos formar, esperando que esta seja apenas nossa primeira parceria. Sei que vamos conseguir isto juntos.

Everton, seguirei seus conselhos à risca: esta semana será cheia de positividade!!!!! Obrigado pela serenidade e experiência. A chegada é logo ali!

Este é meu último relato antes da prova. Termino deixando uma música de uma das minhas preferidas: Mercedes Sosa. Estivemos presentes na última vez em que esteve aqui no Rio de Janeiro, poucos meses antes de morrer e me surpreendi com a sua garra ao superar suas dificuldades físicas (como locomover-se) para impostar sua voz inconfundível. Por isso, obrigado à vida por tudo o que me dera. Desejo, através dela, que cada um desses anônimos corredores consiga completar a prova, gente como eu, com suas dificuldades, trabalho, família, dramas pessoais. Aos amigos da Upsports minhas especiais orações e o meu muito obrigado!


Um comentário:

  1. Meu caro, sua ansiedade é 100% natural.

    Não é diferente de outras que você já possa ter enfrentado como por exemplo, a prova para carteira de motorista, vestibular, casamento, o nascimento dos nossos filhos, uma final de competição ... volte um pouca a fita e relembre esses momentos da sua vida, e que saiu vitorioso. Vitorioso sim, olhe o título do seu post : Gracias a la vida !!

    Outro dia falei para o Rodrigo sobre a estréia do Paolo Guerreiro no Maraca, na frente de mais de 50.000 torcedores do Flamengo ... ele quase saiu contundido no meio do 1º tempo. E se tivesse saído ? Faz parte da vida do atleta, mas ele estava lá lutando, fazendo a parte dele, reconhecidamente.

    Tenho acompanhado a dedicação de vocês, preparação, cuidados, planejamento, alimentação, sacrifícios até, e só posso te dizer, ao Rodrigo, a Isabelle e aos corredores anônimos que você mencionou, que vocês todos já são vencedores para todos nós, pais, mães, esposas, maridos, filhos, tios, avós, amigos, etc .... admiramos o que fazem, e essa maratona é uma etapa da vida de vocês, que será ultrapassada de qualquer maneira, com qualquer resultado.

    Água e carboidratos sempre, não esqueçam ! rsrsrs

    Bj nesses corações ansiosos ! (Paulo March)

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