sábado, 30 de maio de 2015

Minha primeira maratona - Por Fabio Vieira


Minha primeira maratona foi realizada em 2011, na Maratona do Rio. Mas, para começar a falar dela, inicio com um treino para a Maratona de Nova York de 2010, que acabou não acontecendo por agenda. Só que ali peguei o gosto dos treinos para maratona, rodar 25km, 27km, 30km; eu gosto desse desafio, adoro treinar, correr aos sábados os longões. Treinei em 2010 servindo de pacer para os atletas que iam fazer essa maratona, de coelho, puxando o ritmo. No fim dos treinos, ficou o gosto e a certeza que em 2011 seria o ano da minha estreia.

A maior preocupação das pessoas que treinavam comigo seria como eu iria largar na maratona, tenho a estranha e maluca mania de largar sempre forte e, fazendo isso na minha estreia, a quebra seria quase certa. Ainda mais no ano de 2011, em que estava voando, quebrando todos os meus recordes pessoais. Tinha baixando o tempo nos 10km, 16 km e 21 km, e estava confiante que faria uma maratona forte.

Início dos treinos feitos e começamos a rodar. Nos treinos longos, o meu treinador Rossy Borges começou a notar que o meu pace caía muito depois dos 30km. Essa foi a diferença nessa maratona, treino e saber como o nosso corpo vai reagir.

Segui o plano que era segurar o impulso até os 21km, tentar até os 30 km manter o pace e depois rodar no pace que o meu corpo aguentasse. E assim foi. Do km 30 até o 38, meu pace foi para 6min30/km. Estava antes rodando entre 5min30 e 5min50/km.

Em Copacabana, vi muito corredor andando e essa imagem quase que afetou. Posso dizer que praticamente corri uns 2km de cabeça baixa, para não olhar e pensar em parar também. O milagre aconteceu no km 39. Encontrei um anjo corredor, o Jorginho. Além de correr muito e ser um dos corredores que mais apoiam e ajudam, ele estava à minha espera para os últimos kms. Apertei bastante, ao ponto de passar os últimos kms todos abaixo de 5min/km.

No final, tudo deu muito certo e fechei minha primeira maratona em 4h09min, feliz e inteiramente satisfeito com a minha estreia. Acabei com o sentimento de total realização e que dificilmente faria outra (rs). Depois dessa, já foi Berlim em 2012; Rio novamente em 2013, meu melhor resultado até o momento (fiz em 3h59min). Em 2014, dá uma outra história, já que quebrei na mesma Maratona do Rio. Fiz ainda uma Maratona Cross, a de Búzios, e comecei 2015 com o El Cruce, sendo o segundo dia uma maratona. Então, no meu currículo tenho seis maratonas, cinco concluídas e uma quebra. Foco e treino para completar a minha sexta maratona.


Fabio Vieira corre pela Upsports Club

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Na estante do corredor: Correr, de Drauzio Varella


"Correr é experimentar uma liberdade suprema, é voltar aos tempos de criança."


Lembro-me de me deparar com o Dr. Drauzio Varella há cerca de três ou quatro anos no salão de leitura da Biblioteca Nacional, próximo à minha mesa de trabalho. Chamou-me a atenção o fato de aquele senhor parecer mais novo do que o que tantas vezes via na televisão. Também fiquei espantado com sua altura. Não sei se ele estava apenas visitando, esperando por alguém ou se viera, de fato, fazer uma pesquisa.

Sempre ouvi dizer que o Dr. Drauzio, além de bom médico e de excelente escritor e cronista, era corredor. Ainda que já o admirasse, o livro "Correr", lançado sob o selo da Companhia das Letras, no último dia 25 de maio, me surpreendeu. Não apenas pelo fato de que há vinte anos o Dr. Drauzio corre ao menos uma maratona por ano, feito por si só incrível, como também por humanizar sua figura, já que as constantes aparições na televisão o deram um status de celebridade nacional e, como tal, inalcançável a pessoas comuns como eu.

Tal qual um treinamento para a corrida, o livro se divide em duas partes principais, por meio de crônicas intercaladas: as experiências de vida que o ato de correr o proporcionam e explicações médicas sobre as principais questões que afligem os corredores. Desta feita, experiências adquiridas pelo autor nas maratonas de Nova Iorque, Boston, Chicago, Tóquio, dentre outras, sincronizam-se com explicações médicas para uma patologia que ele ou outro corredor possa ter experimentado concretamente. Há também a história da primeira maratona, a guerra ocorrida na Grécia na Antiguidade. Particularmente tenho a opinião de que tal questão não necessitava de tratamento, no entanto, entendo sua óbvia disposição na obra sobre o tema.

O grande objetivo do autor, ao meu ver, ao escrever o livro foi mostrar que a decadência não chega conforme os anos se avolumem. Pelo contrário, Dr. Drauzio Varella demonstra que não só seu corpo, mas sua mente insistem em se manter em plena forma e cumprir os diversos e crescentes compromissos que ele tem no dia a dia. A chegada emocionante e o abraço apertado nas duas filhas ao conquistar a vitória pessoal, completando a Maratona de Boston em 2014 com o impressionante tempo de quatro horas e dois minutos, não só comprovam a tese do autor, como também nos servem de alento para nunca desistirmos da prática de exercícios e da manutenção de uma vida saudável.

O autor, como todo maratonista ou corredor de rua, passou e passa por tudo aquilo que passamos. Quem nunca ouviu a frase: "Ihhhh, não faz isso não, isso faz mal ao ser humano!" Ou, quem nunca ao correr na rua percebeu olhares tortos ou comentários jocosos dos transeuntes, principalmente se estamos correndo antes de o sol nascer ou em dias ensolarados, propícios a uma praia? Quem nunca deixou de ir a um evento, uma festa, visando dormir cedo a fim de se preparar para uma prova? O livro é uma fonte de argumentos para podermos seguir em frente. Como disse certa vez José Saramago, "todo Homem é uma Ilha". Só quem já teve a experiência de enfrentar muitos quilômetros correndo sozinho pelas ruas pode sentir a multiplicidade de emoções que tal solidão provoca.

Chamaram-me a atenção duas questões tratadas no livro: (a) como o sacrifício pessoal lhe trouxe recompensas e (b) os relatos da primeira maratona (Nova Iorque, 1993) e da Maratona do Rio de Janeiro, em 2013. Estas últimas questões acho que nos tocam diretamente.

Não são raras as vezes em que Drauzio Varella relata os ganhos físicos, mas principalmente psicológicos que a corrida lhe trouxe. Apesar da dificuldade, do sofrimento que é para todos acordar de madrugada, justamente no horário em que o sono é mais arrebatador, o médico e escritor compartilha conosco a sensação de paz que se instalava no fim das corridas e que permaneciam durante todo o dia, ajudando-o a enfrentar a dureza dos compromissos. Ainda: tal qual nos relatou Rodrigo, em recente postagem, doutor Drauzio conseguiu, a partir de então, controlar melhor a ansiedade e a agitação da vida atribulada que sempre levou, tornando-se mais confiante, disciplinado e sereno.

A história de nossas provas é, definitivamente, a história de nós mesmos. O livro, narrando a história das provas completadas pelo médico, assim como outras aventuras (e desventuras) relacionadas à corrida, nada mais faz que trazer à tona suas lembranças mais singelas nos seus setenta anos de vida.

Para quem aguarda ansiosamente a chegada do glorioso dia 26 de julho quando, finalmente, esperamos completar a nossa primeira maratona, os capítulos relacionados à primeira maratona, em 1993, e à Maratona do Rio de Janeiro, em 2013, são tocantes. Não há como não se emocionar e não sofrer junto com Drauzio ao ler sua chegada em Nova Iorque, nem como não ser tocado pela linda descrição do percurso dos 42km da Maratona do Rio de Janeiro. Confesso que imaginei-me no dia da prova, foi irresistível.

Leitura imperdível, leve e agradável. Nos vemos por aí.


"Impossível imaginar quem eu seria hoje se eu não tivesse começado a correr" 

Corro para acalmar a mente

Muitas pessoas se espantam quando falo que sou um poço de ansiedade: “Nossa, você disfarça muito bem...”, dizem.

Disfarço involuntariamente talvez, mas ao custo de uma explosão interna de pensamentos. Minha cabeça está o tempo todo no futuro ou no passado, imaginando situações caso tivesse tomado decisões diferentes.

Acho que, se me consultasse com um especialista, certamente ele recomendaria um ansiolítico. Mas fujo disso de várias maneiras, ou tento...


Na ida ao trabalho e no retorno, por exemplo, preciso sempre de uma leitura à mão, seja um jornal ou um livro, para ocupar a mente. Não suporto ficar esperando ônibus para o Rio. Então, cada vez mais tenho ido de barca, para a cabeça não ficar divagando no ponto.

Também ficar muito tempo em casa me dá aflição, ainda mais com programações na maioria ruins na TV. Sábado à noite então nem pensar. Invento sempre um programa. Até que depois que assinei Netflix arrumei um passatempo. Provavelmente só minha mulher perceba o quanto sou ansioso.

Já li mais de um livro sobre o assunto. O que mais gostei foi “Como domar um elefante: 53 maneiras deacalmar a mente e aproveitar a vida”. Te ensina algumas técnicas na hora do aperto, como fazer respirações profundas.

No trabalho, preciso repassar todos os dias as tarefas na agenda. Senão, quero fazer mil coisas ao mesmo tempo e não foco nas prioridades. É o caos da internet, mas não sou da Geração Y com a capacidade de realizar várias tarefas concomitantemente, graças a Deus... Outro sintoma é que acho que as horas nunca são suficientes. No fim das contas, a maioria das previsões não se verifica.

Ficar na tela do computador sem ter o que fazer é entediante para mim, pois meu universo na web é muito limitado. Vejo emails, sites de notícias, Facebook, Linkedin, as estatísticas do blog e ponto. Acabou!

Mas a ansiedade tem o seu lado bom também, desde que controlada, o que é bastante difícil. A inquietude traz produtividade na profissão. Além disso (e finalmente, leitores...rs), foi por causa dela que me meti na corrida, em um período profissional muito turbulento, em que precisava aquietar o raio da mente.

E é assim que venho tocando a vida e fugindo de tarja preta: correndo, lendo, respirando fundo, saindo de casa, vendo uma série da internet, enfim, vivendo. Já diz o ditado: “Mente vazia...” kkkkk

Até a próxima!

domingo, 24 de maio de 2015

Enfim, nosso primeiro treino

E finalmente treinamos juntos, eu, Isabelle e Tarso, que voltou de contusão no pé. Foi no último sábado (23/5), no Recreio, onde largaremos no dia 26 de julho, rumo ao Aterro, por 42km. Fui escalado pelo trio para contar como foi.

Tarso, Isabelle e eu

Foi o primeiro treinão da Upsports Club para a prova, no meu caso o terceiro de 25km; da Isa, o segundo; e do Tarso, o primeiro pensando na maratona (pois já havia feito esta distância em outro treinamento).

Saímos da Praça do Pontal rumo a Grumari. Foi pedreira, já que encaramos um sobe e desce logo no início do treino. Não fomos até Grumari, pois achamos a última subida pesada para quem ainda tinha que encarar muitos quilômetros pela frente debaixo de sol.

No início, estávamos muito devagar, mas a Isa logo nos colocou no eixo. O Tarso nos distraía com suas inúmeras histórias e lembrando cada quilômetro que completávamos. Isa ouvia mais, não gosta muito de conversar correndo.

Ao retornarmos para a base, hidratamos e seguimos adiante na outra direção. Quando regressamos ao ponto de partida, ainda faltavam 8km e o treinador Rossy Borges resolveu nos acompanhar. Fomos novamente em direção a Grumari, porém, retornando antes.

Quando estávamos perto da base novamente, eu e o Tarso apertamos o passo, cientes de que a Isa estava com o Rossy. Eu fiz isso porque queria acabar logo...rs O Tarso porque está trabalhando o chamado split negativo para melhorar no fim.

Passamos um pouco da base, já que ainda faltavam 2km, e voltamos em um sprint final, fechando o último trecho em ritmo de 5min30/km. O pace médio foi de 6min24/km, mais ou menos o que pretendemos imprimir na prova.

Foi um bom aprendizado para testarmos nossas companhias. Afinal, o objetivo é largar e chegar juntos. Eu, por exemplo, vi que posso ligar o som como incentivo só a partir da metade da prova, pois dizem que, nesse ponto, a situação aperta e ninguém aguenta mais conversar. Então, provavelmente não terei mais o Tarso me distraindo...kkk Será? ;)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A moedinha da sorte de R$ 1

Havia prometido escrever sobre superstições em um post sobre lesões. Não sei se elas afloraram após as contusões que tive, mas o fato é que sempre fui supersticioso (não apenas na corrida) e também uma pessoa de fé, apesar de não praticante da minha religião. Por isso, este é um post sobre minhas crenças de sorte, azar e em Deus. Confiram:  

- Quando era repórter, só comentava sobre minhas boas matérias com as pessoas depois de publicadas. Achava que dava azar, que perderiam o peso na edição, ou temia que o assunto vazasse. Da mesma forma, não gosto muito de falar sobre o treinamento para as provas. Prefiro comemorar após as chegadas. Abri uma exceção para este blog (rs) porque agora o desafio é grande (42k) e vejo como uma forma de aumentar minha motivação e disciplina. Afinal, todos estão me vendo;

- Quando estava me preparando para os 15k em Floripa, comprei um sabonete de sal grosso. Já tinha usado em outros momentos, mas acho que não corria ainda;


- Durante os treinos para Floripa, sem perceber, corri uma vez com uma moeda de R$ 1 dentro do tênis. Claro que guardei e levei o sinal de sorte para a prova, hoje fica na carteira;

- E, falando em dinheiro, também não gostava de levá-lo comigo para o caso de 'quebrar' e precisar pegar um ônibus para voltar. Também dá azar! rs Por isso, fiquei feliz de ler no fim de um post do Tarso que um super corredor fazia o mesmo, ainda que ele tenha falado em figura de linguagem. Hoje só levo a grana porque preciso comprar água no caminho nesses treinos mais longos, a que levo no cinto de hidratação já não é mais suficiente para 25km;

- Sempre rezo um Pai Nosso antes de começar um treino e costumo agradecer no fim quando a exaustão não me faz esquecer;

- Quando o bicho pega no treino, peço uma forcinha aos céus para prosseguir, pois como diz o amigo Iúri Totti, do Pulso: "treino bom é treino feito";

- Em momentos difíceis, de dor, treinos mais puxados etc, me benzo antes de sair de casa com um potinho de água benta. Tem a imagem de João Paulo II, trouxe da Basílica de São Pedro, em 2005, para minha sogra, que era uma pessoa muito boa;

- Quando passo pelo Centro do Rio, também costumo entrar na Igreja de São José e me benzer com água benta, independentemente do objetivo, já que sempre tenho um em vista, em todas as áreas;

- Por fim, e isso não tem nada a ver com o post, ouvir certas músicas e mentalizar coisas boas, como imaginar a chegada em uma prova esperada, também me ajudam nas passadas. Bem, mas a playlist e os bons fluidos são assunto para outra publicação. Temos tempo até 26 de julho! ;)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Luto

Nos solidarizamos com todas as vítimas das diversas formas de violência 
que ocorrem diariamente em nosso país.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Do impossível ao psicológico

Às vezes, no dia a dia, andamos meio cabisbaixos conosco e nem sempre temos um motivo entristecedor para isso. Apenas estamos daquele jeito e pronto. "Ninguém tem nada a ver com a minha vida..." Bom, não é bem assim, as pessoas têm a ver com a sua vida sim.

É você quem entra numa padaria pela manhã e oferece um bom dia e um sorriso no rosto para o padeiro, ou entra num ônibus e deseja uma boa tarde ao motorista e ao cobrador. Mas por que teríamos que fazer isso? Por que eu devo um bom dia ao padeiro???

Primeiro, por educação (que é bom e todo mundo gosta) e segundo, porque nós não somos independentes 100%, sempre dependeremos do motorista de ônibus para nos levar ao local desejado, ao local de trabalho, por exemplo.

Minha mãe sempre me disse: "Nunca dependa de ninguém" e sempre segui este dito. Ou pelo menos tentei seguir, ou seguirei pelo resto da vida.

Não depender de NINGUÉM às vezes se torna meio exagerado. Aprendi semana passada que sempre dependeremos de alguém. A frase de minha mãe sempre continuará em meus pensamentos, porém, com um sentido menos agressivo. No sentido de me tornar independente na vida, e não para o mundo.

(Foto antiga, mas tá valendo. Da esquerda pra direita: eu, minha mãe e minha tia)

Qual a relação disso com a corrida???

Semana passada, sexta dia 15, saí pra correr pela manhã, já que não havia treinado na quinta-feira, como costumo fazer. Meu percurso era de 10km, aparentemente fácil. Entretanto... o psicológico estava abalado, não sei dizer e nem me expressar com palavras o que me aconteceu; o treino foi um fiasco.

Caminhei várias vezes, parecia que estava sentindo uma dor em algum lugar que não me deixava me concentrar nas passadas e nem na respiração, muito menos na paisagem ou em qualquer outro pensamento. Foi aí que comecei a pensar na falta que me fazem os companheiros de estrada, de quilometragem.

Infelizmente, já há alguns finais de semana que estou treinando sozinha e isso está me deixando com muitas saudades (me deixando até meio "doida", me arrisco a dizer).

Ter a presença de pessoas boas e interessantes ao nosso lado faz toda a diferença.

Então dialoguei com meu próprio subconsciente dizendo: sou completamente dependente de outras pessoas. Claro que também sou independente fisicamente e espiritualmente (troquei um sifão da pia da cozinha de casa sem ajuda de ninguém rsrsrs...).

Domingo, dia 17, saí para correr na ilustre companhia do meu namorado, que me acompanhou nos primeiros 5km, fazendo com que meu percurso se tornasse mais interessante. Completei um pouco mais de 17km, o sol estava desgastante, porém, devido à presença de uma simples e complexa companhia, me animei muito, tanto que, ao final do treino, adquiri algumas bolhas e calos no pé que nem senti a dor. Só vi o estrago ao final do treino quando retirei o tênis.


O psicológico pode te atrapalhar, e muito, mas também é ele quem te dá força e te "salva"!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Na estante do corredor: Correr, de Jean Echenoz

A leitura é um de meus hábitos preferidos. Sempre tenho livros na mochila e não é incomum que eu deixe de notar alguém por estar lendo naquele exato momento. Junto com minhas primeiras passadas vieram também os primeiros livros sobre corrida.

Inauguramos aqui mais uma das seções do nosso blog: "Na estante do corredor", onde pretendemos incluir os livros que marcaram nossas práticas esportivas e pessoais, ou mesmo outros de que gostamos e foram importantes ou não num determinado momento. Nisto contamos também com a ajuda do nosso público leitor do blog, indicando outras obras ou mesmo trazendo resenhas de livros de corrida ou de histórias emocionantes do esporte.

Como um bom bibliófilo, compro livros, aproveitando uma boa ocasião, prometendo-me lê-lo num momento posterior. Isto aconteceu com o livro que lhes apresento hoje, comprado numa promoção de 50% feita pela Livraria Cultura. "Correr", do francês Jean Echenoz, é um livro curto, de fácil leitura, bom para todas as ocasiões. Confesso que como bom historiador senti falta dos marcos cronológicos, que ajudam a pontuar os acontecimentos mundiais. Isto não quer dizer que não gostei do livro.

"Correr" retrata a história do corredor tchecoslovaco Emil Zátopek, multicampeão, único homem a vencer as provas dos 5 mil, 10 mil e a maratona em uma mesma Olimpíada, em Helsinque, 1952. Emil, ou a "Locomotiva", como ficou conhecido, ainda deteve recordes nas provas de uma milha, 21km e 30km, além de diversas provas de cross-country e de ter sido o primeiro homem a correr mais de 20km em uma hora. Tornou-se, merecidamente, uma verdadeira lenda do esporte.

Quando vemos um campeão, principalmente olímpico e recordista mundial, tendemos a acreditar que tal ocorreu por causa de uma aptidão nata ou algum tipo de milagre. Conforme nos trouxe o Rodrigo em seu post sobre o jamaicano Usain Bolt, um campeão se faz à custa de muito trabalho, muita transpiração e superação de seus dramas pessoais. Emil Zátopek faria coro a ambos, ao dizer: "Duro no treino, fácil na prova!"

Emil descobriu a corrida em meio à ocupação da Tchecoslováquia pela Alemanha Nazista. Não gostava de esportes, seu sonho era ser químico. A corrida apareceu quase como uma imposição das autoridades, pois ou participava de uma prova em sua cidade ou iria parar nos campos de concentração alemães. Emil não conseguia apenas participar, caminhando ou correndo apenas para completar a prova. Ao calçar seus tênis, descobriu-se um vencedor. Desde então não parou mais.

É comovente e motivador na biografia de Zátopek sua determinação, força de vontade e competitividade. Dividindo sua vida entre o trabalho na fábrica e os treinos, nunca deixou de treinar, inventando até métodos próprios de treinamento, como correr grandes distâncias prendendo a respiração e também fazendo treinos de velocidade, enquanto todos os corredores de sua época focavam-se na resistência. Conta-nos o autor que Emil desmaiara duas vezes por causa dessas 'inovações' na rotina de treinamentos.

Não demorou muito para que Emil se destacasse no seu país, o que o levou a ganhar um posto no Exército tchecoslovaco e daí passou a ser usado como propaganda do regime.

Antes de conquistar suas inúmeras vitórias, nosso corredor tchecoslovaco acumulou derrotas. As viagens eram longas e as condições dos competidores nas provas não eram nem de longe as adequadas. Quando pensamos na estrutura que encontramos nas provas pelo mundo e ainda assim queremos desistir, não nos damos conta do esforço feito por esses atletas para impulsionar o esporte. Emil tinha que lutar ainda contra a solidão nos treinos, nas viagens e nas provas, exatamente como muitos de nós. Único representante de seu país, ele era muitas vezes motivo de piada para todos: "Quantos são? Só eu. Só você? Cadê os outros?". Impressionantemente, ele fazia de suas dificuldades combustível para as vitórias.

Para quem costuma rir dos outros durante as provas ou treinos, achando estranho a forma como alguns correm, a história de Zátopek nos ensina a não subestimar os demais. Emil nunca quis mudar seu estilo de pisadas fortes, cabeça balançando de um lado a outro, cara de dor, descompasso: queria correr como lhe cansasse menos. Sobre isso, o autor nos conta o diálogo entre Emil e seu treinador diante de duas canecas de cerveja (sim, cerveja!), poucas horas após a conquista da medalha de ouro na prova dos dez mil metros das Olimpíadas de Londres (1948). Ao ser questionado sobre a forma como corria, Emil disse com simplicidade:

"Não tenho talento o bastante para correr e sorrir ao mesmo tempo (...). Correrei com um estilo perfeito se um dia a corrida for apreciada com base numa tabela, como na patinação artística. Mas, para mim, por enquanto, tudo o que preciso é ir o mais rápido possível".
Detalhe: Zátopek vencera a prova dando pelo menos uma volta sobre cada adversário. Em tempo: foi ele também o descobridor do sprint final, uma verdadeira locomotiva a ultrapassar os adversários nos metros finais ou a pulverizar recordes!

Com sua notoriedade e famas mundiais, Emil, "A Locomotiva Humana", tornou-se uma celebridade e passou a ser utilizado como um trunfo do regime socialista em tempos de Guerra Fria. As vitórias lhe trouxeram promoções, fazendo-o adquirir, com isso, novas patentes no Exército. No entanto, o regime de seu país, sob ordens expressas de Moscou, passou a restringir ou até mesmo proibir suas viagens, por medo de que ele deserdasse para o lado Ocidental.

A glória de Zátopek ocorreu nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, quando conquistou três ouros, nos cinco e dez mil metros e na maratona, num curto intervalo de tempo. Sobre esta última prova, uma curiosidade: conta-se que durante a prova Emil não exibiu as caras de dor e descompasso habituais, mas conseguiu acompanhar os líderes com facilidade, desgarrando-se no fim e batendo o recorde mundial da prova. Ao entrar no Estádio Olímpico e temendo que o público não o reconhecesse, nosso corredor forçou uma feição de dor e sofrimento e terminou ovacionado.

A história de Emil Zátopek também se confundiu com a da prova mais conhecida entre nós e celebrada até hoje: a Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo, cuja largada acontecia então à meia-noite do último dia do ano, justamente no momento da virada. Como era costume, a largada se dava exatamente ao fim do hino nacional brasileiro. Como fazer então? A solução do tcheco foi decorar o hino! No entanto, em meio à euforia pela ocasião e também pela participação desta personalidade na prova, um rojão qualquer terminou por desencadear a prova. Isto não impediu que Emil vencesse a São Silvestre e fosse aclamado pelos brasileiros, de quem sempre guardou muito carinho.

Fica-nos também o ensinamento de que no fim de sua carreira Zátopek acumulou derrotas e soube a hora de parar. Nos jogos Olímpicos de Melbourne, em 1956, já longe de sua forma e sob condições climáticas e ambientais desfavoráveis, Emil 'quebrou' no quilômetro trinta, seguindo com muito esforço para a linha de chegada, onde tombou na grama lateral após completar a prova.

Por fim, algumas palavras deste mito que, assim como sua vida, nos motivem sempre:

"Um atleta não pode correr com dinheiro nos bolsos. 
Ele deve correr com esperança no seu coração e sonhos na sua mente"



Referências: ECHENOZ, Jean. Correr. Trad. Bernardo Ajzenberg. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2010.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Saindo da zona de conforto

Não pretendo escrever a cada treino. Mas os dois últimos de fim de semana me levaram a um tema: a importância de sair da zona de conforto. E, para isso, nada melhor que companhia.

Domingo passado, eu sairia para o segundo longo às 6h novamente, para fugir do sol. Na véspera, Bernardo Lopes, colega de equipe, disse que me acompanharia se eu fosse às 8h. Relutei no início, mas o treinador Everton Costa orientou que seria bom me acostumar com o calor, que sentirei na maratona, provavelmente, na reta final, justamente quando as coisas devem ficar mais difíceis. O coordenador Rossy Borges endossou com o argumento de que a companhia compensaria a temperatura. Foi uma boa decisão e ainda consegui baixar o tempo nos 25k.

No último sábado, também relutei para acompanhar outros dois colegas (Fabio Vieira e Leo Gimenez), dessa vez por causa do ritmo veloz deles. Mas Fabinho me incentivou e Rossy falou para eu ir sem medo. Começamos às 8h, como no domingo passado, e fechamos 15k em um pace de 5:32, com Fabinho nos puxando e Leo alertando a todo momento que nosso pacer se empolgava demais...rs

Faltando 1,5k, Fabinho mandou: “vamos fechar em ritmo de 5 (5min/km)” e aceleramos. Já depois, na resenha pós-treino, ele lembrou que, quando estivermos no km 41 da prova, teremos a mesma vontade de dar esse sprint final. E que certamente vamos nos emocionar. Fabinho ainda contou que sempre vai no seu limite nos treinos. Assim, no dia da corrida, sofre menos, uma tecla que Everton bate também: finalize com a consciência de que fez o seu melhor. Recordei dos treinos para Floripa.

Foram dois fins de semana de aprendizado com a experiência de treinadores e amigos, e que só confirmaram a importância dos parceiros de pista.

E, como lembrou o coach Rossy, bora que os treinos estão só começando!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Das Trevas à Areia

Este post é dedicado à minha filhota do meio, por me ajudar a encontrar a luz que me ajudou a me recuperar mais rápido, saindo, pois, das trevas e me levando à areia.

Crianças são anjos que Deus enviou para nos ajudar. Eu tenho a felicidade de ter três. Na quinta-feira retrasada eu estava de saída para a Igreja quando Martha correu ao armário e voltou com um par de tênis dizendo: papai, vai com esse aqui que sai luz, por favor (ela falou isso porque ele brilha no escuro). Atendi seu pedido e saí naquela noite com estes calçados nada convencionais. Os tênis em questão eram os Asics Tri Noosa 6, os meus preferidos, que quase nunca uso, para preservá-los, já que já estão macios.

Por incrível que pareça, desde aquela noite não tive mais dores incapacitantes no pé. Claro que continuei com eles todos os dias seguintes, acho que por pura superstição. Ainda me assusto só de pensar que ela, propositadamente ou não, colaborou com meu retorno, me dando ânimo ao me fazer crer que estava melhorando.


O fato é que sábado finalmente voltei a correr. Eu esperava com muita ansiedade por este momento. Não fui para o askm na areia dura, afinal, não dava pra arriscar meus pés na dureza do negrume logo de cara. A orientação do Dr. Bernardo foi bem clara: "VAMOS DEVAGAR".

Corri como de hábito às 6h. Tudo foi perfeito, tanto que meu sorriso estava estampado no rosto desde a primeira passada. Não me preocupei com tempo nem pace. Qual não foi minha surpresa ao ver que fechei abaixo de 6min/km! O resultado imediato foi a planta do pé um pouco dolorida, mas nada demais. Todo atleta sente uma dorzinha em algum lugar. Claro que percebi que meu condicionamento físico piorou um pouco e que não sou capaz de fazer mais de 10km nesta semana. Vamos ver como as coisas evoluem.



O mais importante é que me senti vivo novamente. Desde a lesão tenho feito exercícios para o pé, tendão de aquiles e panturrilha ao menos três vezes por dia. Isso inclui também passar o tal sebo de carneiro, pisar na bolinha várias vezes ao dia, alongar meu pé com a thera band, massagear a planta do meus pés com uma garrafa d'água congelada e, finalmente, dormir com as imobilizações noturnas para o pé, específicas para o tratamento da fascite plantar.  Também não dá pra descartar as prescrições médicas e familiares (como as da Marthinha).

Além da disciplina dos exercícios, da paciência pra saber a hora de voltar, ainda tive que mudar minha postura durante o sono, afinal não posso mais dormir de bruços.

Não sei o que deu certo disso tudo, se algo individualmente (principalmente a banha de Carneiro Capado) ou se tudo junto e misturado. O importante é que vem dando certo! E assim vou eu, perdi um pouco de tempo, mas ainda terei muitas oportunidades de me preparar adequadamente.

E vamos que vamos! 




domingo, 10 de maio de 2015

Minha primeira maratona - Por Rossy Borges

O blog inaugura um espaço para corredores, conhecidos ou não, compartilharem como foi sua primeira maratona, do treino à prova. Para facilitar a identificação dos leitores, os textos serão sempre publicados com o título "Minha primeira maratona - Por Fulano de Tal", como se fosse uma coluna de convidados. A estreia não poderia ser diferente: nosso treinador Rossy Borges revive seus primeiros 42km, uma história de superação e amizade, da mesma forma que nasceu o 3namaratona.

Aos 28 anos completei minha primeira maratona. Como tudo na vida, a primeira vez a gente nunca esquece. Rssss. Já tinha feito pelo menos três meias maratonas antes de tomar a decisão de partir para a maratona. Por que fazer uma maratona? Precisava provar para mim mesmo que eu era capaz de me superar e poder transmitir essa experiência para meus futuros atletas. Escolhi a Maratona do Rio de Janeiro, a mais linda que já fiz.

Meus treinos não foram os melhores e nem tão pouco eficientes, não malhava para fortalecer minhas pernas e tronco, não fiz nenhuma restrição alimentar ou dieta e minha vida noturna era muito ativa.  Não abria mão de nada!!! Hoje, falo para meus atletas brincando com um ditado popular sobre aquela minha primeira maratona: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Lembro muito bem do meu último longão, uma semana antes da prova. Estava chovendo muito em Niterói, não tinha como treinar na rua e precisava fazer meu treino derradeiro de 25km para ganhar confiança e moral para a prova. Bom, não tive opção, fui para a academia e fiz o primeiro e único treino de 25km indoor. Depois do treino, percebi que estava quase preparado para fazer a prova. A única certeza que tive foi que completaria a prova independentemente do tempo final.


Naquele 29/06/2008, acordei muito bem e me alimentei “daquele jeito” antes de partir para o Rio. Marcamos para sair do último posto antes da subida da Ponte. Estávamos ansiosos, eu, meu amigo Israel e a guerreira Vandinha. Quando chegamos no Recreio, definimos os últimos detalhes da estratégia e largamos rumo ao Aterro do Flamengo.

Nada como fazer provas com amigos e parceiros. Foi assim na minha primeira maratona, juntos nós curtimos pelo menos os 21km da prova. O Israel (paulista) contava piadas até o km 21. Tudo era lindo e maravilhoso e fácil demais!!! Rssss... Até que chegou o viaduto da Barra, começava a sentir minhas pernas mais cansadas devido à ausência do treinamento de força específico. Lembro também que levamos um spray (tipo gelol) para dor, coloquei no meu joelho que já estava doendo. Israel e Vandinha passaram nos joelhos e na lombar, respectivamente. 

Aproximando de São Conrado e Niemeyer, perdemos Vandinha que passou a diminuir o ritmo por conta das dores. Prosseguimos eu e Israel e víamos Vandinha no retrovisor. No final da Niemeyer, Israel pediu um tempo para caminhar e depois voltar a correr. Falei que não, era para ser forte e suportar a dor até o fim. Já tínhamos cruzado Leblon e Ipanema, quando foi a minha vez de pedir para caminhar, já não aguentava de dor e foi o Israel que me pediu naquela vez para aguentar, que faltava menos de 15km para fecharmos a prova.

Já em Copacabana, comecei a sofrer, gritei para mim mesmo: “Dor filhadap... vou te vencer, não estou sentindo mais nada!!!!” rssss... Meu corpo estava pedindo para parar e minha mente falava: “Continue, falta pouco, vá em frente!!!” Comecei a chorar e pensava somente nos meus pais que naquela hora já estavam na linha de chegada me esperando. Cruzamos Copacabana e Vandinha reapareceu!!! Tentei puxá-la para que nos acompanhasse até o fim, mas ela sentia muito o peso das pernas e desistiu de ir com a gente. 


Entramos no Aterro do Flamengo. Diferentemente dos primeiros 21km, já não falávamos mais um com o outro (eu e Israel). A concentração era máxima para que finalizássemos a prova. A dor já tínhamos superado e faltavam menos de 5km para completar a minha primeira maratona da vida. Avistando o pórtico de chegada, lá estavam minha família, amigos e atletas. Fechei com o tempo de 5 horas e menos de 10min. Uma experiência única de superação e controle do corpo e da mente. Claro, fiquei uma semana quase sem andar direito. O Israel completou a prova na minha frente com um super sprint paulista e Vandinha chegou alguns minutos atrás.  Após a minha primeira maratona, decidi fazer as seis maiores do mundo, faltam apenas três.

Abs,

Rossy Borges

Treinador e Diretor Técnico da Upsports Club

sábado, 9 de maio de 2015

Corrida na telinha

Não é de hoje que sou fissurado por comerciais de televisão. Os publicitários há muito já sabiam do potencial das telas no imaginário popular, não à toa os filmes publicitários existem desde o início das exibições cinematográficas. Confesso que não tenho muita criatividade para criar peças tão fantásticas, por isso tenho mais admiração ainda pelo trabalho do meu irmão Tiago, publicitário em São Paulo.

Esses dias eu estava fazendo exercícios no transport, quando um comercial me chamou muito a atenção. Uma mulher correndo e expondo seu motivo para correr: sua filha. Assim como a protagonista do comercial da Centauro, também corro por meus filhos e pelas mães maravilhosas da minha vida: minha mulher, minha mãe e minha avó (r.i.p.). Sei que não é necessário que eu veja a minha esposa correndo - este não é seu esporte preferido - sei que ela está comigo a cada passada. De qualquer forma, parabéns aos envolvidos no anúncio e a todas as mães pelo seu dia neste domingo.


Neste mesmo intervalo de programação da televisão, notei que havia muitos outros comerciais de esportes e pelo menos três específicos de corrida. Pesquisando, vi que o fenômeno não é recente, remontando ao menos à década de 1980 e aos comerciais dos Tênis Nike.

Destaco abaixo alguns comerciais, não pela importância histórica ou empresarial, mas por livre escolha temática e pessoal.

1) Este comercial é um destaque por parecer com o citado acima, aprofundando-o, além de antecedê-lo.O norte-americano Team World Vision é um grupo de corrida que tem como um de seus objetivos principais, para além da prática esportiva, o combate à pobreza. É interessante notar que as pessoas correm pelos mais diversos objetivos, inclusive vencer.


2) Este da New Balance merece destaque por sair do lugar comum, criar uma aura de romance na peça publicitária e por ter um conteúdo poético incrível. Achei muito bem escrito e interessante.


3) Destaco este comercial da Nike por trazer esta experiência inovadora com corredores profissionais: correr apenas calçando seus pares de tênis. O anúncio procura aproximar a figura do nu humano com seus tênis minimalistas. Ou seja, a ideia de correr leve como se não estivesse usando nada.


4) Incluo aqui neste bloco dois comerciais da Olympikus, afinal sei que nunca conseguirei vencer prova alguma, nem ganhar dinheiro ou reconhecimento, mas sigo correndo. Sei também que não consigo ficar parado: meu corpo precisa de movimento. O destaque vai também para o visual da cidade do Rio de Janeiro: é lá que esperamos completar nossos primeiros 42km.



Há outros comerciais na playlist que fiz no youtube, quem quiser pode dar uma olhada. Com o tempo vou incluindo novos. Gostaria que cada um comentasse sobre o seu comercial de corrida favorito.
PS: Queria deixar claro que não estou fazendo propaganda para nenhuma empresa específica, apesar de querer muito que isso acontecesse.  Quem sabe nós,  eu, Rodrigo e Isa, corremos com algum patrocínio esportivo? ;-)

terça-feira, 5 de maio de 2015

Minha vez: meus primeiros 25km

Todo treino tem um objetivo, um foco, pode ser ele regeneração, diminuir tempo, alcançar metas e até mesmo aumentar distâncias.

Sábado passado, fiz um treino de 25km, e já adianto que não foi fácil. É mais que uma meia maratona e menos que uma maratona, porém, um pouco mais que a metade dela.

A princípio, o Tarso iria me acompanhar de bicicleta, me encontraria na Praia de São Francisco, em Niterói, e iria até onde ele pudesse. Ao final, eu terminaria meu treino sozinha, mas, devido a imprevistos familiares, não foi possível eu receber essa ajuda psicológica e motivacional da parte dele, infelizmente.

Então, dei início ao treino por volta das 6h45min daquela manhã de sábado, gosto muito de correr no sentido São Francisco, saindo de Icaraí e indo até o limite da orla, na Fortaleza de Santa Cruz, onde se instala uma base do Exército. Porém, quando realizo este treino sozinha, sempre fico me perguntando se seria muito perigoso, a chance de ser assaltada é sempre maior, ainda mais sendo mulher e sozinha.

Mas precisava fazer 25km, e Niterói não tem muitas opções de percursos, então me decidi e resolvi fazer estre trecho mesmo. De Icaraí até a Fortaleza, são aproximadamente 10km, onde parei para fazer hidratação e tomar um gel; e também tive de utilizar os sanitários (pra quem não sabe, eles se localizam na parte detrás do que seria o antigo restaurante que existia lá), pensando sempre que estes imprevistos podem acontecer durante um treino, como durante a própria maratona. Resolvi voltar, fazendo o mesmo percurso de ida, sem me demorar muito para não "esfriar" o corpo.

Por volta do km 16-17 encontro com Fabinho, Jesus e o treinador Rossy indo em sentido oposto ao meu. Os mesmos também estão treinando para a maratona. Neste momento, as dores começaram a ficar maiores; é aquele momento em que não se pode pensar muito em si mesma, temos que manter o foco dos pensamentos em coisas aleatórias e não parar para nada. E, quando digo não parar, é não parar mesmo, mesmo o pace chegando a 7min/km... respire e continue... e, assim, no km 19 já estava um pouco mais controlada psicologicamente e as dores não eram um problema muito grande. Fiz mais uma hidratação rápida e tomei mais um gel.

Alcancei o km 20 em Icaraí novamente na tenda de assessoria da UpsportsClub, mais uma hidratação com isotônico e o psicológico abalado novamente, pois ainda teria que fazer 5km na Praia de Icaraí. Dei duas voltas na praia e isso me matou, a vontade de parar junto com as dores eram enormes. Mas a vontade de completar os 25km eram maiores. E, finalmente, completei meu treino. Uma distância nunca feita antes, mas finalizada com muita determinação, afinal o treino todo fiz sozinha, eu e meus pensamentos, eu e meus objetivos, uma determinação exorbitante que gritava mais alto que as dores musculares.




PS: Não posso deixar de agradecer ao Edgar, que me ajudou nos alongamentos pós-corrida.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Passos largos na corrida contra a fibrose cística

Quando idealizamos este blog, a pretensão era somente compartilhar a experiência de corredores com problemas de coluna na preparação para a primeira maratona. Não perseguíamos audiência, mas ela foi crescendo e veio a necessidade de dar um tapa no visual, até para atrair colaboradores mais ilustres, como o amigo Cristiano Silveira, que, em 2011, fundou a Equipe de Fibra para mostrar que quem tem fibrose cística também pode correr. E mais: encontrar na atividade física uma aliada contra essa doença que afeta os sistemas respiratório e digestivo. Conheça mais sobre esse belo projeto que já tem um maratonista na equipe!


Cristiano Silveira e o argentino Marcos Marini

Correr uma maratona, seja qual for a motivação, já é um desafio e tanto para qualquer pessoa. Correr uma maratona superando as limitações de uma doença respiratória é certamente um componente a mais. Essa é a história de Marcos Marini (30), educador físico e jornalista argentino que participa de provas pelo mundo divulgando os benefícios dos exercícios físicos no tratamento da fibrose cística, doença genética que afeta especialmente os sistemas respiratório e digestivo. Nos pulmões, ela provoca o acúmulo de secreções mais espessas que o normal, o que obriga o corpo a um esforço adicional para eliminá-las das vias aéreas. A pessoa com fibrose cística perde até seis vezes mais sódio no suor do que as pessoas normais, o que faz com que tenha que repor eletrólitos durante a prova para não sofrer um tipo perigoso de desidratação conhecida como hiponatremia.

Foi pensando em divulgar a doença que, em 2011, Cristiano Silveira (41), biólogo, fundou a Equipe de Fibra, um projeto do Instituto Unidos pela Vida que acabou ganhando todo o Brasil e reúne pais, amigos e pessoas com fibrose cística nas provas.

O próximo encontro? A Maratona do Rio, em julho, que vai levar dezenas de atletas da equipe às provas de 42, 21 e 6km. Na véspera, como de praxe, o grupo deve reunir pais e pessoas com fibrose cística para uma palestra sobre o uso dos exercícios como parte do tratamento da doença. A palestra deve contar com a americana Emily Shaller, da Rock CF, projeto semelhante à Equipe de Fibra.

Cristiano correrá acompanhado da esposa, Marise Amaral (47). Será a primeira vez que o casal correrá os 42km e, para isso, estão se preparando desde o início do ano. O filho deles, Pedro (10), tem fibrose cística e vai correr os 6km da Family Run na companhia do fisioterapeuta Flavio Ponte, seu professor de Pilates.

Você pode conhecer melhor o projeto em unidospelavida.org.br/category/equipe-de-fibra ou no Facebook https://www.facebook.com/groups/520699457976755/?fref=ts

"A Fibrose Cística é parte do que somos, não o limite do que podemos ser"