Eu havia escrito algo anteriormente, algo de que havia gostado muito, mas por algum motivo, o conteúdo sumiu. Bem, vou tentar reescrever ou ao menos manter o teor do que eu havia escrito.
Terça-feira, saio novamente pra correr ainda de madrugada, meu novo horário de treinos. Martha se recupera de uma doença que lhe causou uma internação. Tenho o cuidado de sair bem cedo, pensando que na volta ela ainda estará dormindo e assim não sobrecarregar minha esposa. Puxa, como é difícil esta tarefa de ser, ao mesmo tempo, atleta, pai, filho, trabalhador, professor, catequista... (!!!) Acredito que Deus deu a cada um aquilo que pode carregar. E sempre com alegria. Afinal, reclamar, por si só, não adianta de nada.
Saio para treinar tentando manter a mesma rotina de distâncias, dias e horários. Por conta disso, invariavelmente, me deparo com os mesmos rostos e silhuetas pelo caminho. Os anos de asfalto me ensinaram a saudar esses heróis anônimos com um sorriso e um generoso "bom dia". Esse gesto se estende aos amáveis funcionários da Companhia de Limpeza Urbana, de cujo trabalho a população não dá o devido valor. Normalmente as saudações mais alegres vem destas pessoas. Não sei se é porque são realmente especiais ou se é porque o exercício cansa mesmo (ou as duas coisas). Claro que nem sempre consigo retribuir a uma saudação por causa da minha ofegante respiração. Acho que todos entendem quando eu apenas levanto meu braço direito, como se estivesse de acordo.
Seja como for, ver cada uma dessas pessoas nas suas lutas diárias, tentando superar seus limites, me traz muita segurança. Também fico muito feliz ao me deparar com cada um desses atletas amadores nas ruas, cada um com sua família.
De alguma forma, eles, direta ou indiretamente, também fazem parte de uma família minha.
A corrida me trouxe muitos amigos, não apenas os da Upsports, com quem me relaciono mais proximamente. Lembro-me de alguns exemplos de vida para mim, como o Sr. Afonso (um idoso que está presente em todas as corridas em que estou e que motiva sempre os novos corredores) e o Carlos "Beto Careca" Solano (mais velho que eu e exímio corredor).
Destas lembranças, uma está guardada na prateleira mais especial: o dia em que conheci o baterista de um grupo de rock conhecido e de sucesso. Estávamos na fila da estação de metrô Largo do Machado, esperando para tomar a integração que nos levaria rumo à Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro em 2012. Ele, morador de São Paulo, não tinha o dinheiro suficiente para pagar a integração metrô-ônibus, que aqui no Rio era mais cara que o trajeto de metrô. Como qualquer outro faria, paguei sua passagem e viemos conversando até minutos antes da prova, quando eu o perguntei se viria novamente e ele disse que não o sabia. Perguntei sua profissão e ele me disse músico. Achei muito legal, mas nao tinha idéia da proporção, afinal não o havia reconhecido por causa dos óculos e boné, apesar de eu gostar muito da banda e ter duas músicas na minha playlist daquele dia. Já nos falamos outra vez e há pouco por redes sociais, mas nunca soube ao certo sua história com o esporte. De uma coisa sei: ele precisa estar em forma, afinal seu trabalho demanda muita energia!
Em tempo: estou emagrecendo e me exercitando mais por causa de ter mantido o foco. Sigo muito animado.
Martinha minha querida, esta coluna foi para você, torcendo para que se recupere logo. Papai te ama muito.
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