...também tenho meus dias difíceis.
No último fim de semana, vi um pequeno documentário na
Netflix sobre ele: “Usain Bolt: The Fastest Man Alive”.
Quem olha o sujeito voando com aquelas pernas longas que
dificultam as largadas provavelmente pensa: “esse cara é um privilegiado,
nasceu para isso”.
Logo, uma fala no início do filme me chamou a
atenção. “Tudo no atletismo é difícil. Não tem um único dia fácil”, diz Bolt.
Como assim? Difícil para ele? Sim, o cara treina, e muito.
Mais à frente, aos 19 minutos de vídeo, Bolt se queixa após um exaustivo treino
em Kingston, na Jamaica. “É a morte.
Acho que muita gente vê as corridas e pensa: ‘nossa, parece fácil, não exige
esforço’. Mas, antes de chegarmos a esse ponto, tem o dia a dia de sacrifício. O
dia de querer morrer. Tem vezes que você corre e só quer parar, só quer
desistir, ‘quero que isso vá para o inferno, quero ir para casa’. Tem dias que
você acorda e tem treino e sabe que será intenso. ‘Meu Deus, não quero ir hoje’.
Mas você tem de ir, e isso é muito duro, cara. Muita gente não sabe disso”.
Guardada as devidas proporções, esses pensamentos passam
pela minha cabeça e imagino que pela da maioria dos corredores em maior ou
menor escala, mesmo amadores como eu. Afinal, estamos sempre nos desafiando com
metas mais difíceis e, como lembra o médico maratonista Drauzio Varella, desafiando a
natureza humana de ficar parado como os animais, para não desperdiçar energia,
pois nosso cérebro foi moldado em época de miséria, em que não havia comida.
Por isso, Bolt também tem preguiça. O que o diferencia e o
aproxima de quem vence esses pensamentos no asfalto é a DISCIPLINA. “Se você
quer uma coisa, e sabe como consegui-la, tem de ir pegar. Eu sei o que quero e
me esforço para isso”, afirma o campeão.
Eu persigo esse mantra, todos os dias.
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