"Correr é experimentar uma liberdade suprema, é voltar aos tempos de criança."
Lembro-me de me deparar com o Dr. Drauzio Varella há cerca de três ou quatro anos no salão de leitura da Biblioteca Nacional, próximo à minha mesa de trabalho. Chamou-me a atenção o fato de aquele senhor parecer mais novo do que o que tantas vezes via na televisão. Também fiquei espantado com sua altura. Não sei se ele estava apenas visitando, esperando por alguém ou se viera, de fato, fazer uma pesquisa.
Sempre ouvi dizer que o Dr. Drauzio, além de bom médico e de excelente escritor e cronista, era corredor. Ainda que já o admirasse, o livro "Correr", lançado sob o selo da Companhia das Letras, no último dia 25 de maio, me surpreendeu. Não apenas pelo fato de que há vinte anos o Dr. Drauzio corre ao menos uma maratona por ano, feito por si só incrível, como também por humanizar sua figura, já que as constantes aparições na televisão o deram um status de celebridade nacional e, como tal, inalcançável a pessoas comuns como eu.
Tal qual um treinamento para a corrida, o livro se divide em duas partes principais, por meio de crônicas intercaladas: as experiências de vida que o ato de correr o proporcionam e explicações médicas sobre as principais questões que afligem os corredores. Desta feita, experiências adquiridas pelo autor nas maratonas de Nova Iorque, Boston, Chicago, Tóquio, dentre outras, sincronizam-se com explicações médicas para uma patologia que ele ou outro corredor possa ter experimentado concretamente. Há também a história da primeira maratona, a guerra ocorrida na Grécia na Antiguidade. Particularmente tenho a opinião de que tal questão não necessitava de tratamento, no entanto, entendo sua óbvia disposição na obra sobre o tema.
O grande objetivo do autor, ao meu ver, ao escrever o livro foi mostrar que a decadência não chega conforme os anos se avolumem. Pelo contrário, Dr. Drauzio Varella demonstra que não só seu corpo, mas sua mente insistem em se manter em plena forma e cumprir os diversos e crescentes compromissos que ele tem no dia a dia. A chegada emocionante e o abraço apertado nas duas filhas ao conquistar a vitória pessoal, completando a Maratona de Boston em 2014 com o impressionante tempo de quatro horas e dois minutos, não só comprovam a tese do autor, como também nos servem de alento para nunca desistirmos da prática de exercícios e da manutenção de uma vida saudável.
O autor, como todo maratonista ou corredor de rua, passou e passa por tudo aquilo que passamos. Quem nunca ouviu a frase: "Ihhhh, não faz isso não, isso faz mal ao ser humano!" Ou, quem nunca ao correr na rua percebeu olhares tortos ou comentários jocosos dos transeuntes, principalmente se estamos correndo antes de o sol nascer ou em dias ensolarados, propícios a uma praia? Quem nunca deixou de ir a um evento, uma festa, visando dormir cedo a fim de se preparar para uma prova? O livro é uma fonte de argumentos para podermos seguir em frente. Como disse certa vez José Saramago, "todo Homem é uma Ilha". Só quem já teve a experiência de enfrentar muitos quilômetros correndo sozinho pelas ruas pode sentir a multiplicidade de emoções que tal solidão provoca.
Chamaram-me a atenção duas questões tratadas no livro: (a) como o sacrifício pessoal lhe trouxe recompensas e (b) os relatos da primeira maratona (Nova Iorque, 1993) e da Maratona do Rio de Janeiro, em 2013. Estas últimas questões acho que nos tocam diretamente.
Não são raras as vezes em que Drauzio Varella relata os ganhos físicos, mas principalmente psicológicos que a corrida lhe trouxe. Apesar da dificuldade, do sofrimento que é para todos acordar de madrugada, justamente no horário em que o sono é mais arrebatador, o médico e escritor compartilha conosco a sensação de paz que se instalava no fim das corridas e que permaneciam durante todo o dia, ajudando-o a enfrentar a dureza dos compromissos. Ainda: tal qual nos relatou Rodrigo, em recente postagem, doutor Drauzio conseguiu, a partir de então, controlar melhor a ansiedade e a agitação da vida atribulada que sempre levou, tornando-se mais confiante, disciplinado e sereno.
A história de nossas provas é, definitivamente, a história de nós mesmos. O livro, narrando a história das provas completadas pelo médico, assim como outras aventuras (e desventuras) relacionadas à corrida, nada mais faz que trazer à tona suas lembranças mais singelas nos seus setenta anos de vida.
Para quem aguarda ansiosamente a chegada do glorioso dia 26 de julho quando, finalmente, esperamos completar a nossa primeira maratona, os capítulos relacionados à primeira maratona, em 1993, e à Maratona do Rio de Janeiro, em 2013, são tocantes. Não há como não se emocionar e não sofrer junto com Drauzio ao ler sua chegada em Nova Iorque, nem como não ser tocado pela linda descrição do percurso dos 42km da Maratona do Rio de Janeiro. Confesso que imaginei-me no dia da prova, foi irresistível.
Leitura imperdível, leve e agradável. Nos vemos por aí.
O grande objetivo do autor, ao meu ver, ao escrever o livro foi mostrar que a decadência não chega conforme os anos se avolumem. Pelo contrário, Dr. Drauzio Varella demonstra que não só seu corpo, mas sua mente insistem em se manter em plena forma e cumprir os diversos e crescentes compromissos que ele tem no dia a dia. A chegada emocionante e o abraço apertado nas duas filhas ao conquistar a vitória pessoal, completando a Maratona de Boston em 2014 com o impressionante tempo de quatro horas e dois minutos, não só comprovam a tese do autor, como também nos servem de alento para nunca desistirmos da prática de exercícios e da manutenção de uma vida saudável.
O autor, como todo maratonista ou corredor de rua, passou e passa por tudo aquilo que passamos. Quem nunca ouviu a frase: "Ihhhh, não faz isso não, isso faz mal ao ser humano!" Ou, quem nunca ao correr na rua percebeu olhares tortos ou comentários jocosos dos transeuntes, principalmente se estamos correndo antes de o sol nascer ou em dias ensolarados, propícios a uma praia? Quem nunca deixou de ir a um evento, uma festa, visando dormir cedo a fim de se preparar para uma prova? O livro é uma fonte de argumentos para podermos seguir em frente. Como disse certa vez José Saramago, "todo Homem é uma Ilha". Só quem já teve a experiência de enfrentar muitos quilômetros correndo sozinho pelas ruas pode sentir a multiplicidade de emoções que tal solidão provoca.
Chamaram-me a atenção duas questões tratadas no livro: (a) como o sacrifício pessoal lhe trouxe recompensas e (b) os relatos da primeira maratona (Nova Iorque, 1993) e da Maratona do Rio de Janeiro, em 2013. Estas últimas questões acho que nos tocam diretamente.
Não são raras as vezes em que Drauzio Varella relata os ganhos físicos, mas principalmente psicológicos que a corrida lhe trouxe. Apesar da dificuldade, do sofrimento que é para todos acordar de madrugada, justamente no horário em que o sono é mais arrebatador, o médico e escritor compartilha conosco a sensação de paz que se instalava no fim das corridas e que permaneciam durante todo o dia, ajudando-o a enfrentar a dureza dos compromissos. Ainda: tal qual nos relatou Rodrigo, em recente postagem, doutor Drauzio conseguiu, a partir de então, controlar melhor a ansiedade e a agitação da vida atribulada que sempre levou, tornando-se mais confiante, disciplinado e sereno.
A história de nossas provas é, definitivamente, a história de nós mesmos. O livro, narrando a história das provas completadas pelo médico, assim como outras aventuras (e desventuras) relacionadas à corrida, nada mais faz que trazer à tona suas lembranças mais singelas nos seus setenta anos de vida.
Para quem aguarda ansiosamente a chegada do glorioso dia 26 de julho quando, finalmente, esperamos completar a nossa primeira maratona, os capítulos relacionados à primeira maratona, em 1993, e à Maratona do Rio de Janeiro, em 2013, são tocantes. Não há como não se emocionar e não sofrer junto com Drauzio ao ler sua chegada em Nova Iorque, nem como não ser tocado pela linda descrição do percurso dos 42km da Maratona do Rio de Janeiro. Confesso que imaginei-me no dia da prova, foi irresistível.
Leitura imperdível, leve e agradável. Nos vemos por aí.
"Impossível imaginar quem eu seria hoje se eu não tivesse começado a correr"
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