Já comecei um post assim, mas não posso deixar de fazê-lo
novamente. Obrigado, Tarso. Amigo que fiz e companheiro deste blog, deixou de
concluir sua prova em um bom tempo para me acompanhar e garantir que eu
completasse os 42km. Não teria conseguido sem ele e Jesus, colega de equipe que
também nos acompanhou.
Minha corrida foi de total superação. Há 15 dias, vinha
convivendo e tentando tratar uma dor no joelho após o longão de 34km. Na
quinta, antes da prova, fui testá-lo em um treino leve com o Tarso e a Isa, e senti
que a coisa estava feia. Corri direto para uma clínica de ortopedia e fiz
ressonância no mesmo dia. Um amigo médico conseguiu antecipar o resultado por
telefone, que confirmou minha lesão, estava com edema no joelho, a três dias da
largada.
Decidi fazer uma infiltração, primeiro por mim mesmo, que me
impus esse desafio e treinei tanto; segundo, por todos que acompanharam a minha
saga de disciplina nos treinos. Era uma ocasião especial. Se fosse a segunda
maratona, acho que não correria lesionado.
No caminho para o início, no Recreio, assistimos a um vídeo,
na van, que minha mulher, Fernanda Freitas, preparou, com ajuda do Rossy, nosso
treinador, que colheu depoimentos de familiares aos corredores da equipe. Além
desse incentivo, havia meus pais na chegada, pela primeira vez. Corri com as
iniciais deles (Paulo e Isa) escritas a caneta em cada pé. Eles também
escreveram uma mensagem de apoio que levei comigo para os momentos críticos,
assim como a Fernanda e o meu enteado João Guilherme. Foram lidas após os kms
20 e 30, não lembro em qual km exatamente.
Dada a largada, logo começou o meu tormento mental e físico.
O joelho infiltrado começou a se manifestar, quando achei que ficaria
anestesiado, ao menos em boa parte da prova. Pensei em desistir nesses
primeiros quilômetros. Como poderia suportar aquela dor por 42km? Mas lembrei de
tudo que estava em jogo e das pessoas que acreditaram em mim. Então, insisti.
Ao completar 10km, percebi que dividir a prova em quatro
trechos de 10km seria uma boa estratégia para o cérebro. Na Praia da Reserva,
ainda no Recreio, havia pequenos trechos de paralelepípedo na transição do asfalto,
que maltratavam o meu joelho. Mentalizei que a dor era passageira, como havia
visto em um vídeo na noite anterior, compartilhado pelo Everton, treinador da
equipe.
Passei a pisar de um jeito que tornasse a dor menos
insuportável, o que me causou uma bolha debaixo do pé e outra dor, no glúteo,
ambas do mesmo lado. Aos 15km, incrivelmente a dor no joelho adormeceu até a
subida do Elevado do Joá, quando o piso inclinado das curvas a trouxe de volta.
E foi assim até o fim. Quem já teve lesão na banda iliotibial sabe como é.
Na Avenida Niemeyer, mais uma subida. Cheguei a caminhar por
um breve pedaço, breve mesmo, porque logo percebi que era pior para a dor e seria
ainda mais difícil retomar. A essa altura, liguei o som para me dar um gás.
Tarso e Jesus seguiam mais à frente um pouco, mas sem me perder de vista.
Depois que passei por Leblon e Ipanema, veio a parte mais crítica para mim: Copacabana. Ali, o tempo ficou mais abafado e o cheiro de gordura dos quiosques era forte, péssimo para quem controlou também o enjoo por toda a prova. Seguindo as dicas que li, não mirei a orla para não ver o Leme distante e abalar o psicológico. Olhava para o chão ou para os prédios à minha esquerda.
No km 37, meu enteado João Guilherme me encontrou com
Fernanda. Tarso e Jesus, então, aceleraram e eu segui com João me puxando,
bastante emocionado pelo encontro. Dali em diante, os poucos incentivos de
desconhecidos ao longo do trajeto aumentaram e cresceu a sensação de término de
prova.
João Guilherme me puxando |
Quase na chegada no Aterro, Rossy me encontrou para me puxar também, mas pedi que não acelerasse, pois não conseguiria administrar. Na reta final, ele e João Guilherme tiveram que me deixar e Isabelle me levou nos últimos metros.
Avistei meus pais do lado direito, onde também estavam Fernanda
e Pilar, uma amiga nossa. Levantei os braços, me emocionei pelo encontro mais
uma vez, mas não desabei no choro como achei que desabaria, muito provavelmente
pela dor que me incomodava e que carreguei por 42km.
Quando a corrida vira algo sério em nossas vidas, amigos e
familiares gostam de te apresentar como maratonista. E eu sempre tinha que
explicar que não era bem assim. Havia uma distância muito grande. Agora, estou
à vontade com o cartão de visita...rs
Fui para a guerra e voltei, literalmente.
Tarso, amigo, quando é a próxima? Você escolhe!
Que beleza de depoimento .... nos emocionamos demais com a prova, com as cenas impressionantes que assistimos na chegada dos atletas, com a sua chegada e dos seus amigos, e com esse texto maravilhoso.
ResponderExcluirQue venha NY, Berlin, etc !! O mundo é pequeno para vencedores e equipe como a de vcs !
E pelo visto, João já está pensando em 2016 .... rrsrs !
(Paulo March & Isa March)
Neste exato momento o que preciso é não deixar que o dia de ontem se apague da minha mente. Depois, preciso cuidar do meu pé, o que me tirará das ruas por alguns meses. Terceiro, perderei meus quatro quilos restantes. Enquanto isso vou frequentando a academia e pedalando, além de nos encontrarmos com mais frequencia, aproximarmos nossas famílias e continuarmos a rir muito, como sempre. Paulo e Isa, muito prazer em conhecê-los! Rodrigo, você é um vencedor.
ResponderExcluirTarso, acabamos de ler seu post acima, com mais emocionantes detalhes da prova, uma prova acima de tudo de companheirismo, de amizade, de conhecimento um do outro, equipe mesmo, ingredientes vitais para uma vitória desse nível para vocês.
ExcluirParabéns ! (Paulo March)
Obrigado!
ExcluirMuito lindo!!! 😭😭😭😭😭parabéns!!!!!
ResponderExcluirValeu Melissa por nos acompanhar por aqui
ResponderExcluirEmocionante o seu depoimento, uma história de superação para contar o resto da vida! Parabéns novamente, poucos têm essa garra toda! Boa recuperação e que venham novos desafios e outras inúmeras conquistas.
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