quarta-feira, 29 de julho de 2015

Minha primeira maratona - Por Marise Basso Amaral

A primeira Maratona a gente...
...cansa muito, acha que não vai chegar, fica com medo.

Dá frio na barriga antes, durante e depois. Ficamos muito ansiosos na véspera. Vamos dormir pensando que temos que dormir e aí mesmo que não conseguimos. Temos que comer bem, aí vem aquela vontade de comer um saco de Amandita (delícia!). Vem aquela dúvida: " será que vou dar conta?", vem um momento que a gente acredita que poderá fazer até um tempo legal, que pode ser mais fácil do que parece (não é, pelo menos não ainda...) depois vem o pânico de nem terminar. Na verdade, ninguém sabe o que vai acontecer até a gente começar a correr e ir em frente quilômetro a quilômetro.

Confesso que escrevendo agora, depois de ter terminado a Maratona de domingo, me vem uma sensação esquisita... Acabou mesmo? Não tem mais treino? Não vou mais correr com a Isabelle atrás do Marcio e do Cristiano? Credo! Vou poder dormir no sábado de manhã! Acabou! Tão rápido!!! (praticamente 5 horas). 

Venho escrevendo sobre nossos treinos, sobre as corridas, sobre as pessoas que fazem a Equipe de Fibra, sobre o que a corrida tem significado pra nós. Mas, agora que acabou a Maratona, se instalou uma espécie de quietude, acho que é mesmo a sensação de que a gente fez algo bem especial, sem excesso de vaidade nem falsa modéstia, mas aquele sentimento lá dentro,uma vozinha lá no fundo,dizendo, repetindo: "Você conseguiu! Você conseguiu!" Esse sentimento é por demais pessoal, difícil de ser compartilhado. Posso dizer que tenho dentro de mim uma emoção que não explodiu na hora, achei que ia cair em prantos, confesso. Isso não aconteceu, ela ficou toda comigo, reverberando. E acordei diferente, acordei mais humilde, mais feliz comigo e com os outros e cheia de admiração pelas pessoas. 
Pessoas anônimas que eu cruzei pelo caminho e que correndo sozinhas ou em grupo iam, cada uma a seu jeito, dando uma lição de superação, de amor à vida, de amor ao esporte, de leveza, de alegria, de esforço e determinação. Também cheia de admiração por pessoas bem próximas a mim como a Thamiris, o Douglas, o Marcus Alexandre, a Letícia, a Márcia Torres, o Marcos Marini, o João, o Rodrigo Troyack, o Rafael Grassi, meu filhote Pedro e o pai dele, Cristiano. Pessoas que dentro de seus cotidianos, projetos, trabalhos, sonhos, tratamento, escola, compromissos, criaram um espaço na vida para se dedicar a um projeto. Ver todos ali, e também a minha filha Luiza, a nossa Lourdes, a linda família do Alexandre, mais amigos queridos como a Ariane, Flávio Flavio Pontes, o Thomaz Barcellos me encheu de alegria.

Mas não seria justo se eu não falasse do que mais me faz continuar sorrindo pelos cantos, apostar em novos sonhos, e, é claro, continuar comendo batata doce. É o Pedro. Terminar a corrida com ele ontem foi a maior emoção dos 42km. Estava chegando próxima à linha de chegada e nada. Não via ninguém, não achava ninguém. Foi me dando uma agonia, comecei a ficar preocupada. Será que algo tinha dado errado? Será que o Pedro não tinha conseguido fazer bem a prova dele? Será que a Lourdes e a Luiza não tinham achado todo mundo? Puxa! É muita gente! Não tinha como dar certo... Aí eu vi um grito e vi ele correndo na minha direção com a medalha no pescoço. Tinha pulado a grade de proteção e eu soube, estava nos seus olhos, que tudo tinha dado certo. Lá estava o meu filhote com aquela alegria imensa que ele traz no peito, me dizendo: "Vem mãe, falta bem pouco, vem que eu te ajudo!"

Corri também para a grade e dei um beijo na minha filhota, que estava lá com aquele sorriso discreto, cheio de orgulho, mas que ia ficar esperando o papai passar. 

Fomos eu e Pedro correndo, cruzamos a linha de chegada, ele me levando. Disse para ele que nem acreditava que tinha acabado, ele disse que estava tudo bem, tudo ótimo. Perguntei da corrida dele, e ele disse: "Mãe, foi sensacional, eu me senti perfeito!!! Eu adorei." essa frase foi o melhor presente de seis meses de treinamento e de sei lá quantos quilômetros rodados.

Depois chegou o pai dele, correndo com a nossa filhota e foi lindo! Ela não podia estar mais orgulhosa. Ele, embora tenha demorado para se convencer disso, conseguiu correr uma maratona, treinando com muita dificuldade de tempo, fazendo treinos curtos, que cabiam na agenda, mas bem longe do ideal para uma prova desse tamanho. Ele que no fundo, é um dos principais responsáveis por tudo isso, por toda essa festa! Ele e ela juntos me encheram de orgulho! No ano que vem, quem sabe, teremos quatro medalhas....

A vida de todos nós sempre tem muitos momentos, muitas coisas difíceis e bonitas acontecem na vida de todo mundo. Nisso não somos especiais, nem melhores do que ninguém. Mas peço licença para marcar que poder subverter, em alguns momentos, uma pauta, por demais marcada na doença, na dificuldade, no trabalho que dá cuidar de alguém, ou cuidar de si mesmo, que vem com uma doença crônica, por outras, mais edificantes é uma grande vitória. E nisso poder, com integridade, ficar feliz e orgulhoso quando for o caso e também, com a mesma intensidade ficarmos apreensivos, tristes e preocupados quando a situação demanda. Aprendendo nesses movimentos, nessas alternâncias, nas nossas "Maratonas" particulares um amor à vida, ao outro e a si mesmo.

 Marise Basso Amaral corre pela Equipe de Fibra

terça-feira, 28 de julho de 2015

Para tudo existe a primeira vez

Começo hoje me desculpando com os colegas do blog Rodrigo e Tarso. Poderia ter corrido a maratona com vocês, mas não o fiz. Acompanhei a Marise (Equipe de Fibra), uma grande parceira dos treinos e amiga.

Acabei optando por correr ao lado dela, pois sabia que Tarso e Rodrigo estariam bem acompanhados por Jesus. Já a Marise, mesmo tendo seu marido Cristiano como companheiro de corrida, este também já tinha seu parceiro naquele dia, o Marcio, e assim ela ficaria sozinha. E como nós já havíamos treinado muito bem juntas, e nos demos muito bem, a companhia durante a prova foi fundamental. E assim, todos saímos ganhando!

No último domingo (26), foi um grande dia, mais uma conquista, mais uma vitória e mais uma história pra contar. Eu, que estava abalada psicologicamente nas últimas semanas achando que não conseguiria, consegui!!

Não havia percorrido uma distância maior que 30km nos treinos, e isso estava me abalando, me deixando em dúvida.

Foi dada a largada! Emoção percorre dentro das veias e arrepia. Nos primeiros quilômetros enquanto seguíamos em uma direção, já do outro lado da pista na direção oposta, passam pela gente os maratonistas deficientes visuais e cadeirantes, e isso arrepia mais ainda, nos faz pensar e repensar nossas atitudes, nossas dificuldades, nossa humildade como seres humanos, nos dando motivação ainda maior.

Pelo km 3 aproximadamente, tive que utilizar o banheiro químico da prova, mesmo já tendo ido ao banheiro antes da largada, acho que a ansiedade estava a mil rsrs...

Eu e Marise fomos administrando nosso pace durante todo o percurso, não precisamos caminhar nas subidas mais duras. Devagar e sempre.

Ao ultrapassar o km 30, me emocionei, as lágrimas se misturaram ao suor escorrendo pelo rosto e logo veio uma sensação de alívio ao perceber que eu estava bem e pensar que faltavam só mais 12km para completar a prova.

Algumas caminhadas foram necessárias durante a hidratação e o gel, mas nada significante, apenas para facilitar a decida pelo esôfago até o estômago.

Pelo km 33 mais ou menos, encontramos o Cris (marido da Marise). No km 34/35, não me lembro bem, acabei me distanciando um pouco dos dois, fiquei pouca coisa à frente, porém, não olhava mais para trás, nem para frente, apenas para o chão e para as pessoas torcendo por nós corredores.

No km 37, ouço uma voz aclamando meu nome! Olho e faço pose para a foto. Era a Fernanda, esposa do Rodrigo, mais uma torcedora.


Continuo minha missão. No final de Copacabana, quase entrando no túnel encontro mais uma pessoa muito especial, meu namorado André, que me acompanhou até a linha de chegada. Uma força extra para os "finalmentes".

Já avistando o pórtico da chegada, encontro o Rossy, nosso treinador. Uma das pessoas responsáveis e importantes por essa minha conquista.

E como em toda corrida, um sprint no final rsrsrs...... nos últimos 100 metros, pois não aguentava mais.....


Chegando à tenda da assessoria UpsportsClub, encontro minha mãe, que pela primeira vez foi me prestigiar numa corrida no Rio. E um abraço forte acalenta meu coração.

Quando pensamos em fazer uma maratona e comentamos com colegas e conhecidos, as reações são as mais diversas possíveis. Há os que dizem que somos loucos; para que queremos isso?; por que gostamos de correr?; qual a necessidade?; e há também os que nos apoiam, nos incentivam, nos motivam e nos servem como exemplos, que queremos seguir.

Sabe por que eu corro?

Eu quero chegar aos 70 anos sem ter que usar a fila preferencial por não aguentar ficar de pé, por consequência do sedentarismo durante a juventude dos 20-30 anos.

Eu quero ter percorrido lugares diferentes do mundo correndo.

Eu quero fazer mais maratonas.

Eu quero alcançar a linha de chegada sendo aplaudida e chorando de emoção, assim como aconteceu neste domingo!

Quero ser motivo de orgulho aos meus pais, aos meus futuros filhos, à minha família.

Obrigada a todos!

Agora posso me considerar uma MARATONISTA!
E que venham as próximas!


segunda-feira, 27 de julho de 2015

É hoje o dia da alegria!!!!!!

Em primeiro lugar, obrigado a cada um que nos acompanhou por aqui e que, como uma novela ou contos de fadas, torcia por um final feliz.


Nos dias imediatamente anteriores à prova, confesso que não a esperei com ansiedade. No sábado fui ao Teatro Municipal de Niterói com as crianças, brincamos no shopping e jantamos (o famoso jantar de massas!). Tudo na mais perfeita ordem. Acabei perdendo um pouco de tempo arrumando minhas coisas para o dia seguinte e fui dormir mais tarde do que esperava.

O dia 26 de julho de 2015 vai ficar marcado pra sempre na minha história, foi perfeito, como tantos outros. Acordei às quatro da manhã e pude já sentir a vibração da galera através do grupo de whatsapp, enchendo-nos de vibrações positivas. O Léo me buscou na hora prevista, a van saiu às cinco em ponto. Tudo certo!

Na van que nos levava ao Recreio dos Bandeirantes, um momento de emoção. Um vídeo preparado pelas famílias dos corredores desejando-nos boa sorte me surpreendeu e me encheu de orgulho. Lá estavam Dari e as crianças, cada um a seu jeito dizendo que me amavam e desejando uma boa prova. E assim com os outros também. As lágrimas do professor e companheiro Everton me deram a certeza de que corríamos por prazer e que nada disso era em vão.

Chegando ao Pontal do Tim Maia, a vontade de urinar era grande e não havia banheiros suficientes para todos. Tive que me aproveitar de um matagal num terreno baldio. Ao dobrar a esquina e entrar por uma rua de terra batida, me deparo com um par de nádegas sendo limpas (rsrs)! Aquela visão do inferno veio acompanhada de uma afirmação "E aí, pode usar o banheiro aqui do lado, tem lugar pra todo mundo!" Era um senhor de cerca de 55 anos descarregando suas emoções antes da prova. Obviamente não contive o riso e tive que urinar do outro lado. Era a certeza de que ainda iria me divertir muito com isso tudo.

O ambiente era o mais favorável. Muita gente animada, gritaria, arrepio: após cinco de meses, finalmente tinha chegado a hora.


Como eu já disse por aqui inúmeras vezes, os amigos são muito importantes na vida. Na corrida não é diferente. Eu disse e reafirmo: não teria feito nada disso sozinho. Nesses últimos cinco meses de preparação não teria aguentado tantos quilômetros não tivesse a companhia da equipe. O colombiano de nome profético Jesus é um destes. Com dores (fascite plantar como eu) veio nos acompanhar, certo de que, com o nosso ritmo e nossas risadas, terminaria a prova pela primeira vez e, sem saber, foi fundamental para minha prova.

Logo no inicio da prova, ainda antes do quilômetro quatro, Rodrigo começou a sentir as suas já famosas dores, aquelas que o levaram a ser o alvo preferido dos médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos e representantes de laboratório. No início não levei a sério, disse brincando que era frescura, coisa da cabeça dele. Talvez isso o fizesse esquecer ou parar de se impressionar com as dores, que poderiam levá-lo à ruína (era meu temor). Sendo assim, começamos devagar e devagar permanecemos. 

As dores do colega não o impediram de ser espirituoso e irônico, sorrir e fazer piadas com a situação e com o nome do colega e a fama do seu homônimo. Eu, como católico, ainda acho que Jesus não foi parar ali por acaso. Rodrigo se lamentava do nosso ritmo e insistia que eu estava perdendo a prova. Eu dizia: "que se dane o tempo, estou me divertindo!".

Nos quilômetros inciais muita alegria e sorrisos. No quilômetro dez um momento de tensão. Rodrigo ingere seu sache de gel e o joga fora... na cabeça do sujeito ao lado. Ao mesmo tempo, silêncio de nós três, esperando pelo pior. Eis que o sujeito atingido fala: "essa prova não tem Gatorade, mas tá chovendo gel, que maravilha!" Ufa, ele tinha levado na esportiva. Pedimos desculpas e seguimos. Eu lhe disse pra ficar despreocupado que o gel do Rodrigo já tinha acabado (mentirinha, né?). 

Há três pontos que gostaríamos que a organização da prova melhorasse nos próximos anos. Em primeiro lugar, no quesito hidratação. Na primeira metade da prova quando passamos não havia mais sinal algum de isotônicos e poucas águas restavam nos postos. Isto para um grupo que estava fazendo o seu melhor, ainda que demorasse mais um pouco para alcançar seus objetivos. Por isso o rapaz havia dito que não havia Gatorade. Preferimos seguir, deixando que este problema não nos tirasse o espírito alegre que nos trouxera até ali. Ainda ficaríamos decepcionados com a organização da prova pela falta da música de Mozart e das luzes que nos saudariam no túnel do Joá (coluna de Ancelmo em O Globo 25/07/2015), por já estarem desmontando os equipamentos. Lembro-me da nossa expectativa ao ver o túnel e curiosidade para saber como seria passar tao alegre e ganhar mais este incentivo. Do quilômetro vinte até o malfadado túnel,  Rodrigo não dizia outra coisa que não "tô doido pra ouvir o Mozart logo". Ficamos frustrados, mas isto não afetou nosso rendimento. Seria algo a mais, e não foi. Por último, acredito que faltou ainda proteção e isolamento aos corredores em muitos trechos da jornada.

Terminamos a primeira parte da prova (a segunda corrida das quatro que teria que percorrer o Rodrigo) mantendo os sorrisos. Subindo o elevado do Joá um fotógrafo ao ver nossa alegria e companheirismo nos desafiou "Quero ver essa alegria lá na chegada!" Ao que respondi "Pode ter certeza". Neste momento, peguei o telefone da Dari que eu havia levado para que a família e amigos pudessem nos acompanhar e fizemos selfies, enviei mensagens aos familiares, tentei ligar para Dariela e para meu irmão (estes últimos sem sucesso). Havia visto que faltava pouca bateria, guardei o telefone e não mais mexi nele. Momentos depois da prova soube da aflição de todos ao ver que o aplicativo da Maratona não atualizava nossa localização após a chegada em Copacabana e muitos temiam pelo pior. Havia acabado a bateria do telefone, não a nossa.



O início de São Conrado e a aproximação do quilômetro vinte e seis fazem minha preocupação com o Rodrigo aumentar, quadro que piora a partir do trinta. Tento caminhar ao lado do Rodrigo, mas meu corpo não o permite: tal qual um desenho animado, minhas pernas continuam se movendo ao ritmo da corrida. Incrível, nunca tinha experimentado esta sensação. Apesar disso, tinha a certeza de que terminaríamos. Jesus também reclama a todo momento das dores na fáscia plantar, mas não acredito numa só palavra do que diz, tal a expressão calma que ele transmite e a facilidade que demonstra correr.

Descemos a Niemeyer e as conversas começam a escassear. Aparecem pela primeira vez os populares a nos estimular e em Copacabana as frutas e biscoitos oferecidos pelo patrocinador da prova e o insuportável cheiro de gordura trazido pelos quiosques da orla. Nos animamos ao mantermos o ritmo firme das pisadas e assim ultrapassarmos os corredores, que já caminhavam. Já não ficaríamos tão para trás.

Confesso que o quilômetro trinta e sete (altura do Copacabana Palace) me trouxe o alivio: Rodrigo encontra seu enteado João. Desta forma, seria mais um incentivo para o alívio das dores do colega.

Apertamos então o ritmo, eu e Jesus mantendo o bom humor e a confiança. A vitoria estava logo ali. Ao atravessar o túnel do pasmado as primeiras lágrimas já teimam em querer sair, não as deixo.

A enseada de Botafogo a partir do quilômetro trinta e nove ressuscitam minhas dores relacionadas à fascite plantar. Sinto uma vontade imensa de fazer como todos os que vejo: quero andar. Jesus me estimula e me proíbe. Como aquele colombiano com nome celestial ainda tinha forças pra tentar correr mais forte?

No quilômetro quarenta encontro com Rossy, o treinador, pergunto pela Isa e me diz que terminou. Sinto-me feliz por ela, após tantos problemas. No instante seguinte vejo duas amigas apoiando outra para que termine. Outros três na maratona, outra vitória da amizade e superação pessoal, outro doar-se ao outro. Mais alegrias.

Não vejo mais placas de sinalização a partir do quilômetro quarenta e um. Após a curva do Morro da Viúva, vejo ao fim a linha de chegada. Do nada descem as lágrimas. Igualmente tento controlá-las, mas não consigo. Choro copiosamente. Como uma criança. Como há muito não fazia. Lembro-me do esforço que fiz até ali, do primeiro dia em que me levantei solitário às cinco da manhã e de encarar as ruas ainda escuras. Penso no meu irmão, meu pai e minha mãe que não puderam estar ali, na falta que sentia deles. Penso na minha família, na minha esposa, nas crianças, na minha sogra que estava ali e isto me conforta o coração, me faz acelerar ainda mais. Dou um abraço no amigo Jesus e lhe agradeço por estar ali. Os populares começam a aplaudir-me. Foi especial. Busco em ambos os lados minha mulher e minhas crianças e não as encontro.


Cruzo a linha de chegada com um tempo bem maior do que eu planejava, ainda preocupado com o Rodrigo. No entanto, sabia que faltando pouco ele terminaria, até mesmo rolando, como o Valter, jogador de futebol ousara fazer uma vez numa comemoração. Este era o prometido por ele dias antes da prova.

A paz toma conta de mim. Ainda procuro minha família. Quando acabo de chegar na dispersão tomo um susto com minhas pequenas correndo atras de mim e efusivamente me abraçando. Mais lágrimas, mais alegria. Pronto, minha felicidade estava completa. Ganhei o meu troféu, exatamente como eu relatei no blog há tempos. Martha, orgulhosa, apontando pra camisa que dizia "Meu pai correu a maratona" (e que meu irmão fizera). Milena gritando que eu havia conseguido! Um beijo na esposa e no Théo. Um abraço na minha sogra.  Minha mãe,  como um presságio me liga naquele exato momento. Tudo o que eu queria ouvir. 

Olho para a frente e vejo o João (Rodrigo vencera suas dores e chegara, ufa, deu tudo certo para nós três!). 

Mantenho o sorriso prometido ao fotógrafo.

Pronto, nada mais me importava no mundo!

Sou um maratonista!


domingo, 26 de julho de 2015

Fui para a guerra e venci

Já comecei um post assim, mas não posso deixar de fazê-lo novamente. Obrigado, Tarso. Amigo que fiz e companheiro deste blog, deixou de concluir sua prova em um bom tempo para me acompanhar e garantir que eu completasse os 42km. Não teria conseguido sem ele e Jesus, colega de equipe que também nos acompanhou.

Minha corrida foi de total superação. Há 15 dias, vinha convivendo e tentando tratar uma dor no joelho após o longão de 34km. Na quinta, antes da prova, fui testá-lo em um treino leve com o Tarso e a Isa, e senti que a coisa estava feia. Corri direto para uma clínica de ortopedia e fiz ressonância no mesmo dia. Um amigo médico conseguiu antecipar o resultado por telefone, que confirmou minha lesão, estava com edema no joelho, a três dias da largada.

Decidi fazer uma infiltração, primeiro por mim mesmo, que me impus esse desafio e treinei tanto; segundo, por todos que acompanharam a minha saga de disciplina nos treinos. Era uma ocasião especial. Se fosse a segunda maratona, acho que não correria lesionado.

No caminho para o início, no Recreio, assistimos a um vídeo, na van, que minha mulher, Fernanda Freitas, preparou, com ajuda do Rossy, nosso treinador, que colheu depoimentos de familiares aos corredores da equipe. Além desse incentivo, havia meus pais na chegada, pela primeira vez. Corri com as iniciais deles (Paulo e Isa) escritas a caneta em cada pé. Eles também escreveram uma mensagem de apoio que levei comigo para os momentos críticos, assim como a Fernanda e o meu enteado João Guilherme. Foram lidas após os kms 20 e 30, não lembro em qual km exatamente.


Dada a largada, logo começou o meu tormento mental e físico. O joelho infiltrado começou a se manifestar, quando achei que ficaria anestesiado, ao menos em boa parte da prova. Pensei em desistir nesses primeiros quilômetros. Como poderia suportar aquela dor por 42km? Mas lembrei de tudo que estava em jogo e das pessoas que acreditaram em mim. Então, insisti.

Ao completar 10km, percebi que dividir a prova em quatro trechos de 10km seria uma boa estratégia para o cérebro. Na Praia da Reserva, ainda no Recreio, havia pequenos trechos de paralelepípedo na transição do asfalto, que maltratavam o meu joelho. Mentalizei que a dor era passageira, como havia visto em um vídeo na noite anterior, compartilhado pelo Everton, treinador da equipe.

Passei a pisar de um jeito que tornasse a dor menos insuportável, o que me causou uma bolha debaixo do pé e outra dor, no glúteo, ambas do mesmo lado. Aos 15km, incrivelmente a dor no joelho adormeceu até a subida do Elevado do Joá, quando o piso inclinado das curvas a trouxe de volta. E foi assim até o fim. Quem já teve lesão na banda iliotibial sabe como é.

Na Avenida Niemeyer, mais uma subida. Cheguei a caminhar por um breve pedaço, breve mesmo, porque logo percebi que era pior para a dor e seria ainda mais difícil retomar. A essa altura, liguei o som para me dar um gás. Tarso e Jesus seguiam mais à frente um pouco, mas sem me perder de vista.

Depois que passei por Leblon e Ipanema, veio a parte mais crítica para mim: Copacabana. Ali, o tempo ficou mais abafado e o cheiro de gordura dos quiosques era forte, péssimo para quem controlou também o enjoo por toda a prova. Seguindo as dicas que li, não mirei a orla para não ver o Leme distante e abalar o psicológico. Olhava para o chão ou para os prédios à minha esquerda.

No km 37, meu enteado João Guilherme me encontrou com Fernanda. Tarso e Jesus, então, aceleraram e eu segui com João me puxando, bastante emocionado pelo encontro. Dali em diante, os poucos incentivos de desconhecidos ao longo do trajeto aumentaram e cresceu a sensação de término de prova.

João Guilherme me puxando

Quase na chegada no Aterro, Rossy me encontrou para me puxar também, mas pedi que não acelerasse, pois não conseguiria administrar. Na reta final, ele e João Guilherme tiveram que me deixar e Isabelle me levou nos últimos metros.

Avistei meus pais do lado direito, onde também estavam Fernanda e Pilar, uma amiga nossa. Levantei os braços, me emocionei pelo encontro mais uma vez, mas não desabei no choro como achei que desabaria, muito provavelmente pela dor que me incomodava e que carreguei por 42km.

Quando a corrida vira algo sério em nossas vidas, amigos e familiares gostam de te apresentar como maratonista. E eu sempre tinha que explicar que não era bem assim. Havia uma distância muito grande. Agora, estou à vontade com o cartão de visita...rs

Fui para a guerra e voltei, literalmente.

Tarso, amigo, quando é a próxima? Você escolhe!

Nós conseguimos!!!

Somos maratonistas. Posts após comemoração e recuperação... rs

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Gracias a la vida!



Sim, podemos fazer isso! Rumo aos 42 quilômetros!
Na última terça-feira dia 21/07, levantei como de um salto às duas da manhã.  Eu havia ido dormir antes das 22h após colocar as crianças para dormir. De repente podia ser fome, logo tomei um leite. Os minutos se passavam e eu não conseguia pregar o olho. Tentei ver um pouco de tevê: nada feito. Liguei o Kindle: negativo, sem paciência para ler. Fechei os olhos e quase imediatamente tive o que chamo de crise de ansiedade: taquicardia, um pouco de desespero e... lá estava o medo de não completar a prova. Fiz minhas orações, dormi no sofá da sala pra não incomodar ninguém e finalmente, consegui dormir.

Esta foi a primeira vez que tive uma crise de pânico ou ansiedade mais intensa desde o ano passado, quando precisei ficar de licença médica por muitos dias. Aquela situação extrema ocorrida em 2014 foi o sinal de que algo estava indo mal. 

Passado o turbilhão,  decidi voltar a praticar exercícios físicos de forma séria e daí surgiu a maratona, como uma forma de deixar a doença definitivamente para trás. A corrida, que sempre me ajudou a relaxar, aliviar minha ansiedade (exatamente como o Rodrigo trouxe anteriormente), não podia funcionar sozinha, daí a necessidade de psicoterapia, fármacos e, principalmente,  Deus.

Seja como for, passei a terça-feira feira inteira tentando entender o que acontecera. Eu havia ido da euforia à derrota em pouco tempo! Estava (e estou) tão animado com a premência da prova que nunca havia me passado pela cabeça não conseguir completar. Eu havia dito à Dani Sixel e à Fernanda Monteiro que estava preparado. E realmente estou!

Buscando explicações, encontrei algo. Em primeiro lugar, a reportagem passada no Esporte Espetacular de domingo último (veja a reportagem aqui). O corredor que teve uma parada cardíaca no km 18 da Golden Four deste ano no Rio de Janeiro. Exames em dia, treinamento completado sem problemas, 14 meia-maratonas anteriores, mas alguém que não soube ouvir o corpo, afinal tivera um cansaço antes da subida do Joá. Um médico vindo a menos de 100m atrás lhe salva a vida. Anjo da guarda? Deus? Sorte? Acaso? Fatalidade? Não sei explicar. Poderia ter acontecido com qualquer um, mas por que justo com ele? Terei eu a paciência de ouvir meu corpo? Encontrarei ajuda se precisar? Ok, lição número 1 (ou algum número acima de 1 bilhão) aprendida.

Por último, a imagem do Fabinho (um de meus ícones neste esporte tão profissional, e tão amador) quebrando exatamente a uma semana da prova. Uma lesão que apareceu no momento errado e que talvez não possa ser tratada a tempo me fez concentrar-me na minha própria queixa dos últimos meses: meus pés. Estou há um tempo sem conseguir me tratar corretamente. Minhas dores quase sumiram, mas ainda estão lá.

Por este estado de coisas, decidi não treinar ontem (terça-feira). Quero dar descanso aos meus pés e à minha cabeça.

É hora de buscar lá atrás as motivações que me fizeram correr esta distância: minha saúde, o carinho da minha família- uma forma de agradecê-los por tudo: minha mãe e meu pai, por todas as perfeições e imperfeições e por nunca desistirem de mim, meu irmão, amigo e companheiro (talvez de quem eu mais sinta falta na vida), a felicidade que é estar ligado por laços eternos à minha esposa e pelas crianças maravilhosas que me deu. Seja qual for o resultado, sei que estarão lá pra me apoiar como sempre fizeram. Aos meus irmãos da Igreja, meus alunos e colegas de trabalho que me motivam a ir mais longe. Aos colegas corredores e ao Rossy, pela companhia e sorrisos a todo momento. A Deus, minha maior motivação. Não importa o quanto eu corra, só aí encontro paz.

Isabelle e Rodrigo, companheiros deste blog, pela grande equipe que pudemos formar, esperando que esta seja apenas nossa primeira parceria. Sei que vamos conseguir isto juntos.

Everton, seguirei seus conselhos à risca: esta semana será cheia de positividade!!!!! Obrigado pela serenidade e experiência. A chegada é logo ali!

Este é meu último relato antes da prova. Termino deixando uma música de uma das minhas preferidas: Mercedes Sosa. Estivemos presentes na última vez em que esteve aqui no Rio de Janeiro, poucos meses antes de morrer e me surpreendi com a sua garra ao superar suas dificuldades físicas (como locomover-se) para impostar sua voz inconfundível. Por isso, obrigado à vida por tudo o que me dera. Desejo, através dela, que cada um desses anônimos corredores consiga completar a prova, gente como eu, com suas dificuldades, trabalho, família, dramas pessoais. Aos amigos da Upsports minhas especiais orações e o meu muito obrigado!


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Vou para a guerra!


Estava na dúvida se escrevia ou não o último post antes da prova, os últimos dias não têm sido fáceis. Mas o objetivo do blog sempre foi compartilhar a experiência da preparação, boa ou ruim, então vamos encará-lo de frente.

O fato é que fui da confiança à dúvida em poucas horas.

Domingo (12/7), fiz meu último longão, 34km. Foi um bom treino como o Tarso falou, nos divertimos e terminei bem, com a sensação de que completaria os 42km se a maratona fosse naquele dia.

Já em casa, tirei um cochilo após o almoço e acordei sentindo a lateral do joelho direito. Sentia ao andar, descer escada... Os sintomas da tal da banda iliotibial que já falei aqui.

Procurei o amigo Bernardo, ortopedista e colega de equipe na Upsports, que me receitou anti-inflamatório, gelo na dor e alongamento. Na segunda, o sintoma não havia sumido. Entrei em desespero, a 13 dias da prova.
Marquei o massoterapeuta para o dia seguinte, Claudinho, um tricolor como eu, super figura. Ainda na segunda, liguei para Sarah, minha fisioterapeuta do pilates, fera, que pediu para que me acalmasse e aconselhou uma consulta com a minha osteopata, a Fernanda. Equipe grande a minha...rs
Consegui um encaixe na quarta e fiquei um pouco mais calmo ao conversar com ela e com o seu exame. Me aplicou ainda a tal da knesio tape.
Na sexta, fiz um treino de 60min, alternando terrenos como orientou a Fernanda, para dar estímulos diferentes ao joelho, mas o incômodo ainda estava lá. No último domingo (19/7), em vez dos 21km previstos, treinei 12km para não forçar, porém, os sintomas não vão embora.
Continuo com anti-inflamatório, gelo, alongamento e fisioterapia. Agora, é descansar o corpo e a mente. Nada de entregar os pontos. Vou para a guerra! 

terça-feira, 14 de julho de 2015

Quebrando barreiras

Depois de ler o post do meu amigo Tarso, não poderia deixar de escrever também.

Meus últimos treinos infelizmente não puderam ser na companhia dessas duas figuras, Rodrigo e Tarso.

Então, venho dizer em poucas palavras e muito emocionada por detrás dessa tela do notebook. Quase que uma confissão, um desabafo online rsrs...

Não sei se irei alcançar a linha de chegada da maratona antes de vocês, nem sei mesmo se irei chegar, mas não desistirei, nem que seja caminhando. Quem sabe??

Os treinos vêm sendo uma carga muito pesada a ser carregada e a parte emocional é a que está me afetando mais penosamente, nunca achei que isso iria acontecer, a vontade de desistir é imensa e tentadora.

Ainda não passei dos 29km nos treinos. Não que isso signifique que não estou preparada fisicamente, mas mentalmente e psicologicamente isso pode ser uma barreira muito grande a ser quebrada no dia da corrida.

Portanto, gostaria de agradecer desde já todos aqueles que estão me apoiando, me dizendo palavras de incentivo e me ajudando a superar o "mental". Rodrigo, Tarso, Rossy, Fabinho, Thiago e principalmente Everton.

Já cheguei até aqui, agora farei de tudo pra chegar ao final.


São em palavras como estas que tento me fortalecer!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Devagar e sempre: os amigos e a corrida

Daqui a treze dias se tudo der certo eu estarei cruzando a linha de chegada junto com o Rodrigo, um pouco depois da Isa, do Fabinho, do Leo, do Jorge, do Thiago, do Cristiano e da Marise. Na verdade não importa o fato de chegarmos antes ou depois dos outros, mas a eufórica esperança, quase uma certeza: a de que chegaremos. Da ideia de correr a maratona até hoje já se vão quatro longos e intensos meses. Neste período eu, Isa e Rodrigo conseguimos fazer três treinos juntos e a experiência  foi válida, muito agradável.

Por conta de horários, eu e Rodrigo acabamos nos aproximando e fizemos os dois últimos longões juntos: dias 5 e 12 de julho, ambos em domingos, ao contrário dos demais, que treinaram no sábado. Sim, domingo, exatamente porque amigos aparecem exatamente nessas ocasiões. Neste caso na dificuldade de conciliar a vida particular com a prática esportiva. No domingo retrasado eu não poderia treinar no sábado, preparando a festa de aniversário da Marthinha e Rodrigo apareceu prontamente disposto a  trocar seu treino de sábado para domingo, afinal vinha se recuperando de forte gripe, como contou-nos em outro post. Ontem, pelo contrário, o pedido era dele para que treinássemos no domingo por conta de sua pós-graduação no sábado (Rodrigo quer se tornar o pica das galáxias na área de marketing, jornalismo, vendas, gestão, mídias sociais... rsrsrs). Topei na hora, pois prefiro o treino aos domingos. 

No entanto, surgiu um compromisso na Paróquia onde frequento e sou responsável de uma comunidade do Caminho Neocatecumenal e não podia faltar de nenhuma forma. Resultado: pedi ao Rodrigo que nos encontrássemos na Praia de Icaraí às seis da manhã (!). Isso porque eu sairia cerca de 25 minutos antes pra dar tempo de aparecer na reunião ainda de manhã.

Confesso que não foi nada agradável correr com a Estrada Fróes totalmente às escuras, afinal também tenho medo de ser vítima da violência que assola a nossa bela cidade de Niterói. Segui em frente, certo de que aquela seria a última vez em que eu me levantaria às cinco da manhã para treinar para a Maratona do Rio.

Tudo correu conforme o planejado: corremos soltos, com a sensação de que ainda podíamos fazer mais. Íamos conversando e relaxando, era divertido ganhar os quilômetros que se acercavam! Desta vez não só eu falava, mas Rodrigo também conversava, sinal de que o treino não era um fardo. Em certo momento eu o disse que estávamos indo muito devagar, mas desistimos de apertar o passo, pois não era tão lento assim. 

Nunca escondi que o meu maior objetivo era terminar a prova e se estivesse inteiro ao fim, melhor.

É inevitável a imagem da lebre e da tartaruga vir à mente, na certeza de que nossas passadas firmes nos levarão ao final.

Encontrei esta imagem na web. Já diz tudo! 

Espero que no dia 26 de julho, apesar do nervosismo e da ansiedade, eu possa me divertir durante a prova, exatamente como eu me diverti neste domingo.

Estas duas semanas que tenho pela frente serão para imaginar como será minha chegada, minha família a me esperar. Vai ser lindo. Vou chorar? Não sei, mas sei que a linha de chegada vai significar também mais um par de amigos (Rodrigo e Isa). É disto que é feito a vida e a corrida.

E como diz o Rossy: "Força na careca"!

domingo, 5 de julho de 2015

O longão mais arrastado, dor e superação


Obrigado, Tarso. Começo este post agradecendo ao amigo desta jornada. Afinal, não fosse ele, neste domingo, não teria completado o treino. Não pelo psicológico, pela parte física mesmo, prejudicada pelas circunstâncias da última semana.

Havia retornado de férias, dois fins de semana sem longões. No domingo passado, fiz 21km, até em um bom ritmo (6min15/km), mas não estava 100%, uma gripe começava a me incomodar.

Na terça, decidi descansar e não treinar, para me recuperar para a quinta-feira. Mas a situação piorou e tive que tomar antibiótico. Então, passei a semana sem correr. O plano passou a ser me restabelecer para o longão do fim de semana: 29km na planilha.

Tarso precisava de companhia para treinar domingo, ele não podia no sábado, e ganhei mais um dia para superar a gripe. Deixei de ir a uma festa na véspera. Não podia abdicar deste treino nas semanas fundamentais de treinamento. Faltam 21 dias para a maratona...

Mas foi sofrido, sem dúvida, o longão mais arrastado. Cheguei antes das 7h no ponto de encontro e, como estava frio, comecei a trotar à espera do Tarso. Quando já havia desistido, com uns 4km de treino, ele apareceu, graças a Deus, porque não teria forças sozinho. Uma companhia faz toda diferença na preparação para 42km, principalmente quando ela te distrai com um repertório inesgotável de conversa...rs

Fomos para o Forte do Gragoatá, encarando duas subidas na ida e na volta; e, de lá, para a Fortaleza Santa Cruz, em Jurujuba, também com subidas no caminho. Estávamos devagar por minha culpa, até aí tudo bem... O problema começou na volta da fortaleza, quando comecei a sentir o joelho esquerdo, perna, tudo... Era como se alguém tivesse amarrado uma corda no meu corpo e me puxasse contra.

Procurei mentalizar a dor como passageira e ela deixou de ser preocupante para pensar em parar. Ao chegarmos em São Francisco, pedi licença ao Tarso para ligar o ipod. Precisava de um gás extra para finalizar. A música me arrastou nos últimos 3km. Ao entrar na Estrada Fróes, logo completei os 29km, mas fui para superação, para ver os 30km no relógio pela primeira vez.

Aos 30km, pausei o relógio e caminhei os últimos metros da Fróes até um ponto de ônibus na Avenida Ary Parreiras, a dois pontos somente da minha casa, menos de 1km, não aguentava mais. Não tinha mais perna. Foi o primeiro longo em que terminei com a sensação de que não prosseguiria se fosse na prova, ao menos teria que andar.

Uma semana difícil, porém, atribuo ao contratempo da gripe. Falta pouco, muito pouco.