Sempre gostei muito de cinema e sempre quis escrever sobre filmes de corrida, ou que se relacionassem com ela de alguma forma: filmes esportivos, superações, dramas, comédias, etc. Abre-se então, uma nova coluna no nosso blog e sempre que possível, os filmes também farão parte do blog, além das resenhas de livros.
Lembro-me de ter visto "Maratona do Amor" (Run Fatboy Run, 2007) quase meio sem querer, buscando aleatoriamente filmes na locadora, para distração. Obviamente me diverti bastante com o filme e me surpreendi com o ator principal, Simon Pegg, até então quase desconhecido para mim (depois o vi atuar em diversos outros filmes com a mesma competência e pitada de humor inglês). Ahh, o filme foi dirigido por David Schwimmer, o "Ross Geller", de Friends!
Narra a história de superação envolvendo Dennis (Simon Pegg), que sofre com o estigma de irresponsável por nunca conseguir concluir nada na vida, fugindo dos problemas, deixando, inclusive, sua ex-noiva Elisabeth (Thandie Newton) grávida, no altar. Dennis se dá conta do erro cometido e busca reconquistar a confiança e o amor de Elisabeth e de seu filho Jake (Mathew Fenton), mas para isso precisa provar para si mesmo que é capaz de concluir uma maratona. A prova se torna também uma disputa entre Dennis e o então namorado de Elisabeth, With (Hank Azaria).
Dennis, ex-fumante, sedentário e fora do peso, muda radicalmente sua vida, troca seus antigos hábitos e espera enfrentar Whit, um desportista exemplar.
Para além das redes que envolvem a trama, gostaria de destacar os aspectos que me tocaram na última vez em que revi o filme, já pensando na vindoura Maratona do Rio de Janeiro.
Durante a preparação, muitos foram os obstáculos a serem enfrentados por Dennis, que só conseguiu se inscrever correndo em prol da Disfunção Erétil. O desenho nas costas (e que eu não tenho) também é engraçado.
Um momento do seu treinamento, o esforço feito no dia a dia para conseguir alcançar sua meta.
O dono do imóvel em que ele reside e sempre atrasa os aluguéis, Sr. John Ghoshdashtidar (rsrsrs), apesar dos problemas que tinha com Dennis, se mostra um sujeito muito amável e o apoia bastante no seu projeto. Na foto o vemos presenteando o protagonista com um par de tênis novos.
As fotos abaixo remetem a instruções clássicas dos treinadores a quem se prepara para correr uma maratona: a ingestão de carboidratos e a proteção aos mamilos. Detalhe no produto indicado por seu amigo Gordon para proteger os mamilos e, provavelmente, lubrificar outras partes...
O dia da prova começa caótico, pois Dennis acorda atrasado e não tem o tempo devido para sua preparação. Faz um alongamento nada convencional e, por fim, passa o gel nos mamilos.
"Run fatboy, run", diz Whit a Dennis, menosprezando sua força de vontade e persistência na busca de seu ideal. A resposta de Dennis é clara: "eu posso até perder peso, mas você sempre será um babaca". Ou seja, a nosso percentual de gordura não nos diz nada sobre nosso caráter.
Após uma breve disputa, ambos os corredores se veem lesionados, culpa de Whit. Para este, foi o fim da prova, enquanto para Dennis, representou mais um duro obstáculo a superar.
Ao recusar a ida para ser atendido no hospital (implícito no filme), nosso protagonista inicia sua própria maratona, mais dura que os simples 42 km, ainda que a organização da prova já a tenha encerrado oficialmente. Enquanto corre a passos lentos e sofridos, ele vive um drama, que é também o drama de cada um que o segue pelas já escuras ruas da cidade de Londres. O drama também é o de cada um, que inscrito na maratona, tem uma meta a alcançar, algo ou alguém por quem correr e seu sofrimento para alcançar este sonho.
A imagem abaixo ilustra o momento em que o corredor bate no muro que seu subconsciente cria para impedi-lo de continuar. Para muitos, esta barreira fica próxima ao quilômetro 30 da prova, quando muitos maratonistas, ainda que bem preparados fisicamente e dispostos a seguir, desistem da prova, mesmo sem entender o porquê. Parece que o cérebro simplesmente manda a mensagem de que não dá mais! Por isso a maratona é mais do que uma batalha física, ela é psicológica.
No auge do seu cansaço, prestes a desistir, ainda que lhe faltassem poucos metros para a chegada, ele vê a razão de estar ali, sua motivação e segue em frente. Uma força superior lhe vem de dentro e, num sprint final, conclui a maratona, correndo ao encontro de seus amores. Não importa o tempo feito, Dennis, de acordo com o filho, venceu a prova! Realmente, ele venceu! Alguém duvida?